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Sabrina Matos: Luta Antimanicomial
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Psicóloga e psicanalista

Sabrina Matos: Luta Antimanicomial

O modelo asilar, hospitalocêntrico, manicomial, ancorado na lógica da exclusão, do descaso e do abandono foi sendo substituído por outra angulação na maneira de pensar o sujeito que sofre das mais diversas patologias no campo da saúde mental
Tipo Opinião
Sabrina Matos, psicóloga e psicanalista, professora da Unifor (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Sabrina Matos, psicóloga e psicanalista, professora da Unifor

Ontem foi o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data que mobiliza a sociedade no sentido de deixar claro o direito fundamental de todos os sujeitos portadores de transtornos mentais, à liberdade, o direito de viver em sociedade, o direito de receber cuidados e tratamentos de forma digna.

Em 2001, a partir da aprovação da Lei 10.216, a "Lei Paulo Delgado", um marco legal que redirecionou o modelo de assistência à saúde mental em nosso país, diversas possibilidades de atenção ao sofrimento psíquico foram postuladas. O modelo asilar, hospitalocêntrico, manicomial, ancorado na lógica da exclusão, do descaso e do abandono foi sendo substituído por outra angulação na maneira de pensar o sujeito que sofre das mais diversas patologias no campo da saúde mental.

É bem verdade que o discurso da indústria de medicamentos é sedutor e opera de forma exitosa ao sustentar que para todo sintoma existe uma pílula milagrosa que vai suprimir a dor de existir. Nesse sentido, podemos argumentar que as correntes que em outros tempos serviam para conter os pacientes nos hospitais psiquiátricos, continuam a existir.

No nosso tempo, as correntes que aprisionam, que silenciam, que dopam os pacientes são as correntes químicas. Lembro aqui de um folder de um laboratório que dizia assim: "para uma vida sem altos e baixos". Já um outro: "dormiu bem...acordou ótimo".

Lembro da fala de um porta-voz de uma das grandes indústrias multinacionais de medicamentos: "os médicos precisam parar de perguntar aos seus pacientes se tem algo errado com eles e começar perguntando se alguma coisa pode ficar mais certa".

Peter Goetszche, em seu livro "Medicamentos Mortais e Crime Organizado" escancara o que está por trás da prescrição irresponsável de medicamentos (em todas as áreas, não somente no campo da saúde mental). Com o subtítulo, "Como a indústria farmacêutica corrompeu a assistência médica", o autor expõe os comportamentos fraudulentos não somente na pesquisa como também no marketing, onde a desconsideração pelas vidas humanas é a regra. n

 

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