
Psicóloga e psicanalista
Psicóloga e psicanalista
Conheci Cleto Pontes em 1991. Era leitora assídua de seus artigos aqui no O POVO e iniciei um processo psicoterápico com ele que durou vários anos. Durante a graduação em Psicologia participei do Centro de Estudos Vandick Ponte (coordenado por ele) e lembro do entusiasmo das nossas reuniões às quintas-feiras. Foram muitos os cursos, os temas, os livros, os convidados e os debates acerca do campo da saúde mental e suas especificidades. Sônia Lobo, Maria José Andrade, Valton Miranda, Paulo Marchon, Leonardo Danziato, Adalberto Barreto e tantos outros que passaram por lá.
Também durante a graduação fui monitora do Cleto nas aulas de Psiquiatria. Em dupla com alunos da medicina entrevistávamos pacientes na antiga Casa de Saúde São Gerardo, construíamos os casos clínicos e acompanhávamos os alunos nas aulas práticas que aconteciam às sextas-feiras. Até hoje utilizo em aula um dos casos mais emblemáticos de um paciente com diagnóstico de esquizofrenia paranóide que entrevistei nessa época. Tempo de muito aprendizado.
Lembro do dia em que colei grau e estava ensaiando meu discurso que havia sido escolhido para representar todos os formandos na cerimônia que aconteceria à noite e recebi orgulhosa uma ligação do Cleto parabenizando-me pela conquista. Logo depois recebi o convite para fazer parte da equipe de profissionais em sua clínica. Entrei no mestrado em seguida e fui sua orientanda. Tínhamos leituras e maneiras de pensar o sofrimento psíquico ancoradas em perspectivas distintas (ele psiquiatra e eu na formação em psicanálise) e talvez por isso o debate era sempre intenso.
Em julho do ano 2000 escrevi meu primeiro artigo aqui no Opinião (Psicanálise e Divã) certamente movida por uma identificação com ele que também escrevia nessa mesma editoria. Já se vão vinte e três anos! Também nessa época iniciei na docência (outra identificação!) nas disciplinas de teoria psicanalítica e psicopatologia. Nunca esqueci o modelo de exame mental que aprendi com o Cleto.
Apesar de termos nos distanciado (a primeira lição do discípulo é esquecer as lições do mestre!) fiquei triste com sua morte. Guardo no coração as boas lembranças. E que as boas lembranças tragam conforto à família nesse momento de dor. n
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.