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Algum homem já pegou em suas partes íntimas sem permissão?
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.

Sara Oliveira cotidiano

Algum homem já pegou em suas partes íntimas sem permissão?

A cena, comum no universo feminino, repercutiu: um homem dá um tapa nas nádegas de uma mulher no elevador, em um prédio de Fortaleza. Quando a mulher reage e grita, ele corre, entra no seu carro SUV e foge
Tipo Opinião
MOMENTO em que o homem dá um tapa nas nádegas da vítima (Foto: Reprodução Redes Sociais)
Foto: Reprodução Redes Sociais MOMENTO em que o homem dá um tapa nas nádegas da vítima

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A sequência de imagens, apesar de sempre chocante, faz parte de um modus operandi conhecido pelas mulheres. A cena filmada e que repercutiu rapidamente em grupos onlines e presenciais de Fortaleza: um homem dá um tapa na bunda de uma mulher dentro de um elevador, ela fica atônita, ele finge naturalidade, mas se apressa em se esquivar e fechar a porta do elevador. Quando a mulher reage e grita, ele corre, entra no seu carro SUV e foge.

Numa breve pesquisa no Google, são inúmeras as notícias intituladas assim: “Câmera flagra homem apertando bunda de mulher”, “Mulher denuncia homem que passou a mãe em partes íntimas”, “Farmacêutico é preso após lamber nádegas de mulher”, “Homem tirou 7 fotos de nádegas”...

Em fevereiro desse ano, um homem de 44 anos, membro do Conselho Fiscal do Fortaleza (clube) foi preso após beijar à força uma mulher no Castelão, durante um jogo. Episódio similar ocorreu em 2023, quando um torcedor puxou uma mulher pelo braço para beijá-la. Quem não lembra da mulher que caiu da bicicleta depois que um homem passou de carro e a apalpou?

Pense aí, mulher, se você ou pelo menos uma outra mulher que você conhece já não passou por essa situação: um homem que encosta em suas partes íntimas sem a sua autorização? A vítima do caso do elevador teve a mesma reação de choque que eu, ali por volta dos 12 anos, tive ao também ser apalpada quando voltava da escola, que ficava a exato um quarteirão da minha casa. O homem também continuou andando como se nada tivesse acontecido. 

Após a repercussão do caso no elevador do prédio na Aldeota, os perfis sociais do denunciado e da sua esposa foram apagados. O homem, que teve seu casamento registrado em colunas sociais em 2016, também foi afastado de suas atividades empresariais, onde atuava como agente de investimentos. Se ele aparecer nas redes ou na imprensa para se explicar, deverá pedir desculpas e fazer como outros já fizeram, justificar que surtou, alegar estresse emocional e finalizar com o “quem me conhece sabe”.

Ou pior, afirmar que teve a vida destruída após a repercussão e punição do que fez, como se viver as consequências de suas atitudes fosse algo inédito. Homens não são acostumados a se responsabilizarem pelo que fazem, principalmente contra as mulheres. Tem sempre alguém que relativiza, que vitimiza o algoz e culpabiliza a vítima. Só há uma explicação para um homem fazer o que o agente de investimentos fez dentro de um prédio público: a certeza da impunidade, a crença machista e patriarcal que o faz se achar melhor e, portanto, inatingível. 

A vítima do caso, uma mulher de 25 anos, teve coragem, o expôs, divulgou as imagens e está representada legalmente. O Boletim de Ocorrência foi registrado no mesmo dia do assédio e importunação sexual. Disse estar abalada e agradeceu o apoio. Que haja punição, exemplo, revolta, debate, mudança...    

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