Você se sente segura ao andar de moto ou carro por app em Fortaleza?
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do O POVO há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade
Você se sente segura ao andar de moto ou carro por app em Fortaleza?
Na BR-116, no início da manhã de todo dia, presencio as tantas garupas ocupadas por trabalhadoras e estudantes. Mochila, calça e touca de cetim são itens comuns. Filhas, mães, irmãs, tias que se arriscam entre os carros de uma rodovia para chegar mais rápido e, em alguns casos, de forma mais segura
“É mais fácil pular da moto do que sair de dentro do carro”. “Eu tenho cuidado para não encostar muito”. “Eu prefiro ir sempre de calça para que ele não pegue nas pernas”. “Mando minha localização em tempo real para amigos”. “Não posso mostrar que bebi”. As frases foram ditas por mulheres que precisaram utilizar transporte por aplicativo, moto ou carro.
Cabeça levantada, não pode cochilar, sem papo, de preferência mostrando que alguém está em contato com você naquele momento. Peço parada algumas casas antes, espero o carro sair e então entro na minha própria. Não vou arriscar que ele saiba onde moro exatamente.
Matéria recente do New York Times escancarou dados que mostram os riscos aos quais as mulheres se submetem ao se deslocar nos Estados Unidos. Entre 2017 e 2022, foram 400 mil reclamações de assédio no País, o que significa uma denúncia a cada oito minutos. A empresa afirmou que 75% das reclamações são “menos sérias”.
Nessa categoria estaria flerte, linguagem inapropriada e comentário sobre aparência. Tudo o que grande parte das mulheres cearenses também já viveu dentro de um carro ou em cima de uma moto. As mulheres são, inclusive, 52% dos passageiros das motocicletas por aplicativo no Brasil.
Na BR-116, no início da manhã de todo dia, presencio as tantas garupas ocupadas por trabalhadoras e estudantes. Mochila, calça e touca de cetim são itens comuns. Filhas, mães, irmãs, tias que se arriscam entre os carros de uma rodovia para chegar mais rápido e, em alguns casos, de forma mais segura.
Se deslocar por Fortaleza é um desafio. Em 2024, estudo do Instituto Patrícia Galvão mostrou que 65% das mulheres entrevistadas na Capital disseram já ter sofrido violência no deslocamento e 77% sentem medo de sofrer violência quando se deslocam pela Cidade.
Em novembro do ano passado, uma mulher estava caminhando em uma avenida no bairro Henrique Jorge e foi abordada por um homem em um veículo. Com uma arma apontada para cabeça, foi obrigada a entrar e foi estuprada. De acordo com o relato da vítima, ele tirou as roupas dela, fez imagens e cometeu o estupro.
A segurança no deslocamento de mulheres precisa ser prioridade. Há iniciativas que ajudam: o aplicativo Nina, para denúncia de assédio em transporte público; a capacitação de guardas municipais e policiais para identificar casos de assédio, mais facilidade para denúncias... Ações importantes, mas ainda com efeitos aquém do que é necessário.
É preciso que haja pesquisas que identifiquem quais situações são mais perigosas. Iluminação, espaços abandonados, policiamento, falhas no transporte público, falta de empatia. São muitos os fatores que contribuem para a sensação de insegurança, que amedrontam e tiram um direito básico e necessário das mulheres na sociedade, o de ir e vir conforme lhe aprouver.
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