Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
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Vivemos dias carnavalescos, pelas vésperas de uma das festas populares mais conhecidas e festejadas, no Brasil. Há no Carnaval infinidade de conhecimentos e questionamentos críticos sobre cidadania, coletividade e ancestralidade que nenhuma instituição formal, por suas teorias, consegue transmitir por si só. Compreender a cidade como gregária pulsante de espaços e eventos múltiplos e diversos é entender que somos, todos, não apenas receptores, mas produtores contínuos de cultura, pelos papéis individual e social que exercemos em nossas rotinas.
Para além das percepções pagãs e carnais, ainda tão limitadas acerca da chamada festa da alegria, viver o Carnaval e os dias que o antecedem conduz crianças e adolescentes também à consciência de ocupação dos territórios públicos, como ser pertencente a um coletivo, com regras de respeito e igualdade irrevogáveis; é possível enaltecer criatividade, imaginação e autonomia, pela confecção de fantasias autorais, à revelia de personagens já fabricados pela indústria. Permitamos que nossas infâncias criem e se divirtam. Cada dia mais, é necessário ensinarmos, pelo exemplo, sobre a força revolucionária da imaginação e da alegria!
Como festa da alegria, o Carnaval também é festa da resistência. Podemos fomentar visibilidades de lutas e fortalecer a urgência da não invisibilidade, valorizando histórias e culturas. Os tradicionais desfiles de Maracatus, Blocos, Escolas de Samba locais, Afoxés e Cordões provocam aprendizados e incitam reflexões, inclusive, as de que seguem ainda tão desvalorizados pelo Poder Público.
Pelas músicas e danças, ganham destaque críticas sociais e manifestações de origem africana ainda tão ausentes no nosso sistema de ensino tradicional, mesmo diante da Lei 10639/2003, que orienta sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, dentro das disciplinas curriculares. Vale levar os mais jovens para prestigiarem os desfiles na avenida. Vale visitar os barracões das agremiações, contemplar as paredes ornamentadas de narrativas sobre lutas e glórias, conversar com os carnavalescos, ouvir as histórias deles, acompanhar um pouco da rotina dos artesãos, que se reinventam e fortalecem suas resiliências, nesta mágica época do ano.
Iniciamos hoje este espaço de conversas sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas. Trago minhas experiências como repórter, educadora e idealizadora de iniciativas de valorização dos espaços públicos, em suas dimensões cidadãs, ambientais, históricas, patrimoniais e sociais. Convido você a construi-lo junto comigo. Envie-me sugestões, críticas e olhares desacostumados.
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