
Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
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O conceito de Cidade Educadora nos remete à compreensão da cidade como um espaço educativo, em que territórios, políticas, atores e tempos assumem processos formativos para além da escola, dialogando com inúmeras oportunidades de ensinar, de aprender, de valorizar e de compartilhar experiências únicas, oferecidas pelas comunidades de que se faz parte.
Semana passada, escrevi sobre esse conceito na prática, ao descrever o projeto Vida Ciranda, realizado entre 2017 e 2020 em Fortaleza, no Ceará. Por ele, espaços como mangues, rios, parques, praças, museus, florestas urbanas, comunidades de índios, oleiros, rendeiras e pescadores, ecossistemas ambientais específicos, e muito mais foram trazidos à tona por convites à sociedade para viver a cidade.
Nem a terminologia nem o movimento em si são novos, mas vêm ganhando força e notoriedade, no mundo inteiro, desde a década de 1990, quando se realizaram os primeiros congressos sobre o tema, tendo como centro Barcelona, na Espanha. Desde então, um conjunto de princípios buscam nortear estratégias de reconhecimento e de ação guiadas pelo desenvolvimento dos seus habitantes. A chamada Carta das Cidades Educadoras reúne tais princípios e é, ainda hoje, o referencial mais importante da Associação Internacional de Cidades Educadoras, que reúne mais de 450 cidades em 40 países.
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"A Carta defende o aprender na cidade, com a cidade, com as pessoas da cidade, valorizando aprendizado vivencial, priorizando a formação de valores não apenas individual, mas coletivo. A prática dessa defesa mostra-se cada dia mais urgente nos dias atuais!"
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No Brasil, temos a Rede Brasileira de Cidades Educadoras, vinculada à Associação Internacional, com somente 26 cidades integrantes. No Ceará, somente Horizonte é parte da rede. Em 2022, inclusive, Horizonte foi premiada pelo projeto ‘Bordando Resistências: Bordadeiras de Alto Alegre’, por “promover um espaço de diálogo coletivo com mulheres negras e quilombolas, com foco no reconhecimento da cultura ancestral e identidade para o fortalecimento da autonomia de gênero, defesa de direitos e geração de renda”, de acordo com a coordenação do Prêmio, promovido pela Associação.
Na Carta das Cidades Educadoras, a escola é um espaço comunitário, dentro de um espaço educador muito maior. E os dois espaços precisam atuar juntos, como defende um dos grandes pensadores contemporâneos, ainda vivo, antropólogo, sociólogo e filósofo francês, Edgar Morin. Neste ano, ele completa 102 anos e seus livros nos ensinam que a escola é somente uma parte do todo, e o todo é o resultado de suas partes. Assim, a Carta defende o aprender na cidade, com a cidade, com as pessoas da cidade, valorizando aprendizado vivencial, priorizando a formação de valores não apenas individual, mas coletivo. A prática dessa defesa mostra-se cada dia mais urgente nos dias atuais!
Portanto, o conceito de Cidade Educadora ultrapassa o conceito de cidade em que muito se investe em escolas públicas. Trata-se de lançar olhares desacostumados, principalmente, para espaços públicos e suas funções valorizadas e subvalorizadas; é estabelecer relação especial com as escolas públicas sim, mas investigando também até que ponto o que temos de riqueza cultural, patrimonial, ambiental, social está dentro dos currículos escolares, sendo potencializada por eles.
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