Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
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Durante a Conferência Internacional Espaços Naturalizados para as Infâncias, promovida pelo Instituto Alana, que ocorreu no último setembro, em São Paulo, a secretária da Educação de Fortaleza, Dalila Saldanha, ratificou a promessa, que já vem sendo dita há algum tempo, de entrega à população de 30 microparques urbanos, em bairros variados da Capital, até o final de 2024.
Instalados a partir do nível de vulnerabilidade do território e de depredação da área, a secretária não informou os locais específicos de implantação. Conduzidos por um movimento crescente mundo afora de desemparedamento das infâncias e incentivo de maior contato delas com a natureza, os microparques surgem também como alternativas de espaços para convivência e brincadeiras mais atraentes e desafiadoras para as crianças, aproveitando as características dos terrenos e utilizando elementos naturais, como troncos, árvores e plantas.
Em Fortaleza, os microparques fazem parte do Projeto Fortaleza Mais Verde, proposta voltada para a expansão de áreas verdes na cidade. A implantação dessas áreas naturalizadas é elaborada dentro da rede Urban 95, da Fundação Bernard Van Leer no Brasil, em parceria com o Instituto Cidades Sustentáveis, e teve o apoio técnico do projeto Ciranda da Vida e do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana.
No último fim de semana, visitamos os dois microparques que temos em Fortaleza. No finzinho da tarde do domingo (1º/10), na Barra do Ceará, muitas crianças aproveitavam o parque Seu Zequinha, que está localizado ao lado da avenida Francisco Sá. Quando eu cheguei, Nicole (12), Sophia (6), Heloise (3) e Teo (2) passeavam na estradinha de um pequeno bosque ladeado por flores, dentro do parque. As crianças moram na área desde que nasceram. Nicole conta que a paisagem mudou muito a partir da ressignificação do espaço, em 2021, antes desvalorizado pelo mato alto e pela poluição. O local fica às margens de um canal que exalava cheiro forte de esgoto e afastava a população. “Agora, vive cheio de gente, de crianças brincando. À noite, tem ainda mais”, relata Nicole.
O parque conta com jardim e brinquedos naturais, feitos com madeiras e tocos. Naquela tarde, Ângela Maria Costa, que é a mãe do Teo, aproveitava o espaço também com os outros filhos, as gêmeas Camila e Hilda (11) e com o filho Nyckspn (9). “Eu venho muito com eles. É bom contar com um espaço assim perto de casa, na natureza. Eles gostam. Também a gente percebe que, agora, aqui recebe mais atenção da Prefeitura, porque, de vez em quando, eles vêm limpar, aguar as plantas”, garante Ângela.
No bairro Cidade dos Funcionários, o microparque instalado na avenida José Leon, há três anos, tem melhor estrutura e aparenta melhor conservação. Tem jardins, brinquedos naturalizados, parquinho e calçada lúdica. Na tarde em que visitamos, o espaço acolhia a conversa de um grupo que passava o tempo no passeio com os cachorros.
Sim, os microparques são espaços importantes e valiosos para as nossas diversas infâncias, principalmente, as que vivem em áreas urbanas. De acordo com o projeto Criança e Natureza, do Instituto Alana, além de possibilitar que as crianças brinquem de forma livre e ativa, os parques naturalizados são áreas multifuncionais, que podem ser implantadas a um custo mais baixo, uma vez que troncos e outros materiais naturais são reaproveitados de podas, em geral abundantes e disponíveis nos municípios.
O Alana defende ainda que planejar os espaços com o envolvimento da própria comunidade que vai usá-los é essencial para conectar as pessoas e aumentar seu engajamento na preservação. Tudo isso passa pelo processo de educação para a cidadania. É trazer as crianças para viver positivamente as cidades, criando vínculos de acesso, de conquista, de encontro, de afeto com os seus espaços públicos, desde cedo, aprendendo a valorizá-los e a conservá-los.
A Conferência Internacional Espaços Naturalizados para as Infâncias aconteceu no período de 20 a 23 de setembro. Eu estive lá, a convite do Alana. Ao longo de quatro dias, profissionais de diferentes áreas, como educação, comunicação, arquitetura, saúde e artes, dividiram espaços de discussões e de compartilhamento de experiências que acontecem mundo afora, acerca de emparedamento escolar, cerceamento urbano e injustiça ambiental, territórios educativos, cidades educadoras, espaços escolares naturalizados e políticas públicas para o desemparedamento das infâncias e das juventudes.
Além da programação interessante de palestras e painéis, os participantes tiveram a oportunidade de visitar 10 espaços na Grande São Paulo que já põem em prática toda a teoria discutida acerca dos espaços naturalizados para as infâncias.
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