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Quando o esporte desafia poder: o caso Carol Solberg
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Quando o esporte desafia poder: o caso Carol Solberg

Tipo Crônica
Carol Solberg foi advertida por manifestação contra Bolsonaro (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)
Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV Carol Solberg foi advertida por manifestação contra Bolsonaro

Carol Solberg, atleta de voleibol de praia, foi advertida terça-feira passada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por se manifestar politicamente durante a entrega da medalha de bronze ganha no Circuito Nacional de Vôlei ao gritar “Fora, Bolsonaro.”

A cena foi transmitida ao vivo no canal SportTV 2. O fato levou o subprocurador-geral do STDJ, Wagner Dantas, a encaminhar denúncia baseada na escrita de um termo assinado pela atleta de evitar conduta contrária à disciplina ou a ética desportiva.

Levando em conta que povo sem memória é fantasma de si mesmo, entro no túnel do tempo e resgato detalhes da nossa história esportiva. No início do século passado, imigrantes e filhos de brasileiros estudando no Exterior trouxeram as regras e as primeiras bolas.

A prática esportiva foi desenvolvendo sem nenhuma influência governamental. Pessoas se organizavam como queriam e, paralelo ao espaço que o esporte conquistava, surgiam os problemas. Organizar as seleções que representariam o país nas competições internacionais era o principal deles.

Percebendo no esporte um instrumento de projeção, procurando ampliar o populismo do seu governo e estruturando o esporte a nível nacional, Getúlio Vargas interferiu na vida esportiva brasileira através do decreto de lei 3199/41, criando o Conselho Nacional de Desportos (CND).

Com a função de tutelar e controlar a vida esportiva, edificou-se o Sistema Desportivo Nacional congregando confederações nacionais, federações estaduais e ligas municipais. O Estado Novo ganhava um mecanismo importante capaz de manipular as massas e mexer com o orgulho do cidadão comum.

Isso aconteceu em 1941 e, de lá para cá, muita coisa mudou. Leis esportivas com cunho democrático foram sendo promulgadas, mas percebe-se que está entranhado nos dirigentes das entidades desportivas a mesma herança autoritária e centralizadora dos tempos de exceção.

São esses dirigentes que, inspirados por esse legado antidemocrático, fazem os regulamentos das competições e redigem os termos tipo esse assinado pela medalhista de bronze do Circuito Nacional de Vôlei, que sugerem: "Quanto mais calado o atleta, melhor".

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