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A dor de Maradona
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

A dor de Maradona

Tipo Crônica
Diego Maradona morreu de parada cardiorrespiratória aos 60 anos, em casa; figuras de destaque como políticos, celebridades e jogadores, além de clubes de futebol, lamentaram morte do ídolo argentino (Foto: Javier SORIANO / AFP)
Foto: Javier SORIANO / AFP Diego Maradona morreu de parada cardiorrespiratória aos 60 anos, em casa; figuras de destaque como políticos, celebridades e jogadores, além de clubes de futebol, lamentaram morte do ídolo argentino

A pressão é grande sobre os jogadores de meia idade. A intensidade cantada em verso e prosa por técnicos e comentaristas obriga a velocidade de um papa-léguas. Paulo César Vasconcelos, comentarias do SporTV, criou o termo “ex-jogador em atividade” para quem deveria ter abandonado as chuteiras.

E porque não abandonam? Porque parar de jogar é o pior momento na vida de um jogador. O ex-jogador é um nostálgico que vagueia pelas ruas à espera de algum reconhecimento. Como disse Falcão, o jogador morre duas vezes. Quando para de jogar e quando chega sua hora.

Há tempos atrás, Paulo César Caju, tricampeão mundial de 1970, em sua então coluna no O Globo. escreveu onde andam os outros tricampeões e revelou a solidão de muitos deles. Alguns até fizeram um pé de meia, mas o problema maior é a carência, o abandono e a falta de apoio psicológico.

E olha que estamos escrevendo sobre jogadores que atingiram o ponto mais alto da carreira. No geral, são filhos da parte pobre da população e parecem carregar consigo um germe de autodestruição. Ao parar de jogar faltam-lhes defesas para suportar o fim da carreira.

Quando chega a morte anunciada e atinge um jogador do tamanho de Maradona o mundo se ressente por conta da condição humana de uma pessoa que, além de fazer jogadas geniais, tinha um fio invisível que conectava seu coração com o coração do torcedor.

Portanto, o sujeito vai jogar até quando puder e os motivos variam. Jogam porque gostam e entendem que ainda podem ser úteis. Porque já foram ídolos em suas equipes e deixaram bons momentos registrados na retina dos torcedores. Parar de jogar nem pensar.

Parei de jogar há mais de 35 anos. Durante um bom tempo andei feito um zumbi e, vez em quando, sonho que estou jogando. Fico feliz no sonho. Ai de quem não estiver preparado para esse instante. Entender o conflito e torná-lo produtivo é o grande desafio.

As drogas? Estão sempre por perto. Álcool, maconha, cocaína e por aí vai. O ser humano busca nelas a onipotência na ideia de superar a própria fragilidade humana. A vida no palco tem o poder de fazer o sangue correr rápido em suas veias. É preciso algo que o substitua.

Foto do Sérgio Redes

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