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Paciência: o que falta à torcida do Fortaleza, que se acostumou com vitórias
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Paciência: o que falta à torcida do Fortaleza, que se acostumou com vitórias

Colunista remonta o time tricolor de sucesso com Rogério Ceni para ilustrar o desejo renovado da torcida por vitórias e bom futebol
Mesmo com 77% de aproveitamento na temporada, Enderson Moreira foi demitido do Fortaleza (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Mesmo com 77% de aproveitamento na temporada, Enderson Moreira foi demitido do Fortaleza

Paciência e canja de galinha não fazem mal. Desde a saída do Rogério Ceni, nenhum técnico conseguiu cair nas graças da torcida do Fortaleza. Enderson Moreira levou o time à semifinal da Copa do Nordeste e, após a desclassificação nos pênaltis pelo Bahia foi demitido.

Segundo o pessoal da estatística, teve aproveitamento de 77% na temporada 2021. Ora, caro torcedor, esse número é muito bom. Porque então não continuou? Não continuou porque os tricolores estão acostumados com vitórias e não admitem que o time jogue de contra-ataque.

Pode ser até que aconteça em alguns momentos de uma partida, mas não pode ser por uma decisão técnica, porque faz parte do universo tricolor propor o jogo. Tenho amigos tricolores e percebo a dificuldade que eles têm para entender que um ciclo vitorioso não é eterno.

Foram quatro anos de vitórias. Ascensão para a Série B. Campeão brasileiro da Série B. Ascensão para a Série A. Oitavo colocado na Série A e consequente vaga na Copa Sul-Americana. De quebra, um bicampeonato cearense e título inédito da Copa do Nordeste.

Embora a pandemia afastasse os tricolores do estádio, estão vivas na memória de todos eles as festas realizadas nas arquibancadas do Castelão. O mundo assistiu, encantado e arrepiado, a uma torcida vibrante batendo palmas e cantando hinos. Dentro do campo, viu a equipe e seu futebol ofensivo.

Parece que estou vendo. Bola no pé do goleiro Felipe Alves, que avança até a meia lua da grande área. Um zagueiro vai para a direita e outro para a esquerda, formando uma linha de três. Os dois volantes recuam, formando com a primeira linha o desenho de um M.

Os laterais direito e esquerdo avançam alongando o campo. São altos e têm boa impulsão. O passe sai preciso do pé de Felipe Alves em direção a eles, que cabeceiam essa bola para um espaço que deverá ser ocupado por um dos quatro velocistas, baixos e habilidosos, da equipe.

Essa jogada era mortal e a mais repetida do repertório tricolor. Não surgiu de um dia para o outro. Lembro que nos primeiros meses de Ceni, também pressionaram para demiti-lo. O próximo técnico do Fortaleza deve ser um obcecado por vitórias. Porém, é preciso paciência. Muita paciência!

Foto do Sérgio Redes

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