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Parabéns, Vovô, de Dimas Filgueiras e Lula Pereira, pelos 107 anos de história
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Parabéns, Vovô, de Dimas Filgueiras e Lula Pereira, pelos 107 anos de história

Em celebração ao ano novo do Ceará, cronista e ex-jogador alvinegro rememora a convivência e amizade com Dimas Filgueiras e Lula Pereira
Tipo Opinião
Nos 107 anos do Ceará, a saudade de Lula Pereira, falecido no início do ano, aperta de novo (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Nos 107 anos do Ceará, a saudade de Lula Pereira, falecido no início do ano, aperta de novo

Era comum um jogador torcer pelo clube que jogava. Quase todos tinham um vínculo — o passe preso — com o clube, ali passavam quase toda a sua vida profissional. Os torcedores escalavam seus times do goleiro até a ponta-esquerda, como se recitassem uma poesia.

A televisão ainda engatinhava e os locutores de rádio desenhavam os jogos para os seus ouvintes. Embora a pandemia tenha afastado temporariamente os torcedores dos estádios, sabemos que quando forem reabertos, eles estarão presentes com seus rádios de pilha.

O torcedor de radinho de pilha é parte integrante do futebol, assim como o amor dos jogadores por clubes que defenderam. Abordo esse assunto com alegria porque remete a um tempo em que eu jogava futebol e a convivência feliz que tive com dois amigos.

Dimas foi um deles. Foi jogador, dirigente e técnico. Devo a ele a régua e o compasso que orientou a minha carreira esportiva. Recentemente recebeu uma grande homenagem pela sua trajetória no Ceará. Não é à toa que o chamam de “Soldado Alvinegro”.

O outro era Lula Pereira. Fui seu técnico na década de 1980 e, nos últimos anos, antes do acidente vascular cerebral que o levou, estivemos trabalhando juntos na TV Ceará, sob a direção do Wilton Bezerra no programa “Com a Bola Toda”. Quando comentava sobre o Ceará, seus olhos brilhavam.

Perguntei se ele se sentia injustiçado por não trabalhar no clube. Dava de ombros e não acusava ninguém. Vivia dando corda nele. "Ei, Negão! Quem foi o melhor presidente da história do clube? Com qual zagueiro você mais gostava de fazer dupla? E o melhor jogador?"

Cauteloso diante das outras perguntas, respondia com o cuidado de não querer magoar. Advertia que só poderia dizer do Ceará dos últimos 40 anos. Lembrava da passagem como técnico das divisões de base e que, quando subiu, levou consigo um time inteiro de juvenis.

Era o princípio de uma carreira que o levaria a condição de técnico de grandes clubes brasileiros. Foi campeão mineiro pelo América-MG e foi técnico do Flamengo-RJ. Não é simples. Um técnico negro e nordestino ocupando espaço na elite do futebol nacional.

Aliando conhecimentos técnicos e táticos à seriedade e honestidade com que transitava no mundo controverso do futebol virou referência no país. Na época o seu falecimento, virou noticia nacional. Através desses dois alvinegros, parabenizo o Ceará pelos 107 anos de existência.

Foto do Sérgio Redes

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