O ex-jogador Sérgio Redes, ou
O ex-jogador Sérgio Redes, ou
Tinha acabado de passar pelo portão da garagem e ia estacionar o carro quando o celular tocou. Do outro lado da linha, o Silvio Carlos me dá a triste notícia. "Meu irmão faleceu". "Covid?" "Não. Já vinha algum tempo com problemas, mas o que teve foi um AVC".
A bruxa está solta no futsal. O Beto, seu irmão Fernando e agora o César Vieira. Continuei estático no carro pensando. Devo muito ao Sílvio Carlos. Chegamos para jogar no Fortaleza no dia 24 de outubro de 1971. Eu e o Dimas ficamos hospedados no Iracema Plaza Hotel.
Fazíamos as refeições no Panela. E tome lagosta e camarão! Dez dias depois, acabou a mordomia. Quem segurou a barra foi o Sílvio Carlos. Além de ser o fiador do apartamento em que íamos morar, levava a gente para almoçar e jantar nos restaurantes da Beira Mar.
Depois nos estabelecemos e ficou a gratidão e a consideração. Tempos depois o Papa – era assim que a turma chamava o Sílvio — me apresentou ao César Vieira num treino do Sumov. Na época, o Sumov Atlético Clube era o melhor time de futebol de salão do país.
O Sumov era tão respeitado, mas tão respeitado, que um professor de geografia do Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói dizia, com ar de sabedoria, que eram três os tipos característicos do Ceará: o vaqueiro, o jangadeiro e o jogador de futebol de salão.
Quando parei de jogar no campo, o César Vieira, com seu jeito cordato e gentil, me convidou para o Sumov. Que honra! Ser convidado por um técnico que foi 15 vezes campeão cearense, campeão brasileiro de seleções, tetracampeão brasileiro de clubes, bicampeão pan-americano e bicampeão mundial.
O convite era tudo que eu precisava. A incerteza e as dúvidas de um ex-jogador de futebol, que precisa conseguir seu lugar no futuro, são uma realidade. E os irmãos Vieira, cada um a seu modo e a seu tempo contribuíram para que eu continuasse a carreira esportiva.
No momento que estava escrevendo à crônica, o celular toca. Do outro lado da linha, o craque Gera me dá um alô. Agradeço e pergunto pelo César Vieira. Diz que em todo o tempo que foi treinado, nunca viu o César aumentar o tom da voz. Era um gentleman!
Estivemos juntos quando o Conselho de Desporto Estadual, órgão vinculado a atual Secretaria do Esporte e Juventude, o condecorou com a medalha de Mérito Esportivo do Estado do Ceará. Aos 92 anos, faleceu o mais bem sucedido esportista cearense de todos os tempos.
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