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Aos uruguaios, antes da final brasileira na Libertadores, entre Flamengo e Palmeiras
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Aos uruguaios, antes da final brasileira na Libertadores, entre Flamengo e Palmeiras

Cronista conecta a decisão continental deste sábado com a história gloriosa do Uruguai em campo, com homenagem ao craque José Nassazi, o Grande Marechal
Finais de Libertadores e Sul-Americana deste ano serão em Montevidéu (Foto: )
Foto: Finais de Libertadores e Sul-Americana deste ano serão em Montevidéu

Flamengo e Palmeiras se enfrentam amanhã, às 17 horas, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O vencedor será o campeão das Américas. Seu Francisco, porteiro do prédio vizinho, fica de orelha em pé porque os dois clubes brasileiros vão decidir no Uruguai.

"Tem marmota aí!", me diz. Explico que a Conmebol está seguindo a Uefa, que faz a final da Champions League num país que não tem nada a ver com os dois finalistas. E digo ainda que o Uruguai quer sediar a Copa de 2030 e reformou todo o estádio.

Ele olha para mim de soslaio e repete. “Tem marmota!”. "Não tem", insisto. E mudo a conversa para Gabigol, Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Arrascaeta. Caso estejam inspirados, não tem para ninguém. As dúvidas ficam por conta das contusões, o que aumenta as chances do Palmeiras.

A mídia esportiva tem informado que, para cada torcedor do Palmeiras, tem três do Flamengo. Enquanto o jogo não começa, as turmas vão festejando pelos bares e restaurantes. Qualquer lugar tem carrocinha com cerveja, choripans (pão com linguiça) e hamburguesas.

Além da comida boa os uruguaios já foram os melhores do mundo. Campeões olímpicos em 1924, bicampeões olímpicos em 1928 e campeões mundiais em 1930 e 1950. Os torcedores e os telespectadores vão ver a Torre da Homenagem, construída ao lado do Estádio Centenário.

É nela que os uruguaios escrevem os nomes e os feitos dos maiores craques da sua história diante do próprio teatro onde se tornaram legendas. São 14 janelinhas com vistas para o campo de jogo. Seu maior jogador era José Nasazzi. “El Grand Mariscal.”

O jornal “El País” publicou, em 20 de junho de 1968, um artigo que traduzo: o título é a morte de Nassazi. “Nunca esse país se despediu com tamanha emoção. Milhares de pessoas deram adeus ao seu grande ídolo. Na sede do seu clube, a multidão viu passar o féretro.”

“As mulheres jogavam flores a cada passo. As mães davam flores a seus filhos para que cobrissem a rua. Nunca Montevidéu viveu tanta dor. Passarão os anos, mudará a história, virão outros homens, outro futebol e talvez outras vitórias. Porém, a figura imponente do Grande Marechal estará sempre firme.”

“Para recordarem que uma vez, neste pequeno país, um homem chamado Nassazi veio ao mundo. Nasceu e morreu nesta terra, para orgulho e recordação eterna de todos os uruguaios.”

Cai muito bem a decisão ser no Uruguai. Eles têm história. E povo que não cultiva a sua memória, vira fantasma de si mesmo.

Foto do Sérgio Redes

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