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Da Costa será eterno na memória alvinegra
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Da Costa será eterno na memória alvinegra

Ex-jogador do Ceará marcou época com garra e personalidade. Jogamos juntos em 1973 e 1975 e lembro dele com alegria e respeito
João Rodrigues da Costa faleceu aos 74 anos, por complicações cardiopulmonares (Foto: Divulgação / Ceará SC)
Foto: Divulgação / Ceará SC João Rodrigues da Costa faleceu aos 74 anos, por complicações cardiopulmonares

Os Presidentes Robinson de Castro e Evandro Leitão acertaram na mosca em decretar luto para a torcida alvinegra por causa do falecimento de João Rodrigues da Costa, o Da Costa, que, com sua garra e personalidade, marcou época no futebol cearense.

Lembro dele com alegria e respeito. Chegamos a jogar juntos no Campeonato Nacional de 1973, mas, na verdade, ficamos muito próximos quando voltei para o Ceará para disputar o Campeonato Estadual de 1975. O reencontro com Da Costa rendeu muitos frutos.

Um dia, ele me viu conversando com Caiçara na concentração, se aproximou e soube que o técnico estava pedindo para que eu jogasse de centroavante contra o Ferroviário. Foi taxativo: "Passe para mim e corra para a grande área. Vou colocar uma bola na altura da sua cabeça".

Não deu outra! Quando apareceu a chance, recebi uma bola no meio do campo e passei para a esquerda. Corri pelo meio acompanhando seus movimentos. Entrei na área num zig-zag que aprendi com o Marciano. O cruzamento perfeito. A cabeçada aninhou a bola nas redes.

Como quase todos os clubes, o Ceará também tinha as dificuldades do futebol daquele tempo. As fontes de faturamento se limitavam às rendas dos jogos e das contribuições de alguns dirigentes. O patrocínio engatinhava e era uma heresia manchar o manto sagrado com a marca de um produto.

Os treinamentos coletivos eram realizados no campo da UECE, porque o Estádio Carlos de Alencar Pinto estava interditado devido ao lamaçal. Um perigo! Volta e meia a gente tomava um tombo. Lembro que escorreguei e uma cobrinha fininha de duas cabeças surgiu no meu radar.

A concentração era num pequeno sítio na Vila Peri. Casa com sala, três quartos e, em cada um desses cômodos, seis camas beliches. As refeições feitas na cozinha. Caiçara fez uma quadra de voleibol no terreno do sítio para recreação na véspera dos jogos.

Eu e o Zé Eduardo vivíamos reclamando. Da Costa nunca. Não fazia parte de o seu universo reclamar de coisas que complicavam o ambiente. Forte fisicamente e sempre bem disposto, era quem puxava os exercícios de calistênia nos treinos físicos. O famoso 1, 2, 3, 4... 4, 3, 2, 1.

Vivia para treinar e jogar futebol. Tenho certeza que a presença dele com seus exemplos de jogador e atleta motivaram todos nós a enfrentar com a dignidade as situações adversas que se apresentavam. Na final ganhamos de 2 a 0 e foi dele o segundo gol. Uma falta na intermediária adversária.

O POVO publicou no dia 11 de agosto de 1975 que ele me pediu para bater a falta porque ia fazer o gol. Tenho o recorte, li a matéria, mas não me lembro. Sei que saiu um pombo sem asas do seu pé esquerdo. Cícero, goleiro do Fortaleza, voou na bola.

Esticou-se todo e não deu para pegar! A força e a velocidade com que a bola bateu no travessão a fizeram ganhar mais velocidade ainda e o que seria um retorno comum da bola para o campo de jogo findou dentro das redes tricolores, após a bola ter batido nas costas do Cícero. Da Costa será eterno na memória alvinegra.

Foto do Sérgio Redes

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