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Uma bela jogada
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Uma bela jogada

No Brasil, atropela-se o futebol, transformando um jogo pleno de alegria, fantasia e ousadia num misto de velocidade e força em busca de resultados
Zagueiro Marcos Victor e meia-atacante Marcos Paulo disputam bola no jogo Ceará x Flamengo, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
Foto: Alexandre Vidal / Flamengo Zagueiro Marcos Victor e meia-atacante Marcos Paulo disputam bola no jogo Ceará x Flamengo, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A

Tinha uns 7 anos e, como a maioria dos meninos, também sonhava em ser jogador de futebol. Lembro da primeira bola e da primeira jogada. Era vermelha, de borracha, e saltava para todos os lados. Um quarto, duas cadeiras e um espaço de dois metros entre elas servia como traves.

O jogo consistia em chutar a bola contra a parede e, no rebote, evitar, com os pés, que ela passasse entre as traves. Os anos se passaram. E o futebol sempre presente. Joguei futebol e futebol de salão: Olaria, Fortaleza, Ceará, Botafogo, Onze Cansados, Sumov, Terra e Mar e por aí vai.

Hoje cronista e comentarista, tenho como Bíblia o livro do falecido escritor uruguaio Eduardo Galeano, “Futebol Ao Sol E À Sombra”. Gosto de suas confissões e, como ele, também ando pelos campos e estádios de chapéu na mão mendigando uma bela jogada.

Elas estão rareando e os craques também. No Brasil, onde a CBF aponta sua bússola para o mercado nessa busca por dinheiro, atropela-se o futebol, transformando um jogo pleno de alegria, fantasia e ousadia num misto de velocidade e força em busca de resultados.

Mesmo assim, vez por outra, aparecem alguns que fogem do roteiro e devolvem ao jogo a razão da sua graça. Sábado passado, Ceará e Flamengo se enfrentaram no Castelão. O Ceará com seis desfalques, inclusive seus dois zagueiros, chamados de "Torres Gêmeas".

Mal o jogo começou e o Flamengo impôs seu ritmo. Torcedores ansiosos nas arquibancadas e, no campo, a correria desorganizada dos jogadores alvinegros. Não deu cinco minutos e o Flamengo fez o primeiro gol. Tomar um gol de uma equipe como o Flamengo no início do jogo é prenuncio de derrota.

O silêncio tomou conta dos alvinegros durante a metade do primeiro tempo. A torcida só acordou quando um dos zagueiros substitutos — Marcos Victor — recebeu um passe numa troca de bola com o outro zagueiro e avançou com a bola dominada. Fiquei surpreso! "Esse garoto vai aonde?"

Os adversários ficaram olhando sem entender a movimentação. Quando foram marcá-lo, ele já estava driblando quem aparecesse na sua frente. Na entrada da área tentou uma tabela, mas não recebeu a bola de volta. Daí para frente, a torcida vibrou até o fim. Efeitos de uma bela jogada.

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