Folheando recortes de jornais encontro uma matéria de página inteira publicada pelo O POVO datado de 11 de fevereiro de 1983. A manchete do jornal mirava um alvo e dava um tiro na mosca. Pobres e ricos, brancos e pretos se matriculam na escola de futebol da Sufef.

Já tinha parado de jogar e o Amilton Melo, salvo engano, também. Estudantes de Educação Física, vivíamos atrás de responder uma pergunta que incomodava a todo ex-jogador de futebol daqueles tempos em que se jogava bem e ganhava pouco. E agora, o que fazer?

A saída foi fazer algo que tínhamos em mente, mas precisava de um patrocinador. Uma escolinha de futebol! Apresentamos o projeto ao superintendente Sílvio Carlos no seu gabinete no Ginásio Paulo Sarasate, e, saímos de lá vibrando com o sinal verde para botar o time em campo.

A escolinha foi um sucesso! Funcionava no Estádio Presidente Vargas e, no início, chegou a ter trezentos alunos. A garotada era orientada pelos monitores e professores da instituição. Teve um tempo em que dei aula. Os meninos com os olhos brilhando.

Vinham chegando de ônibus, vinham a pé, e tinha garoto descendo de carro dirigido pela própria mãe. Cada um se vestia com o que tinha. Garotos com tênis importado, outros com Kichute vivendo a esperança e a alegria que o esporte proporciona.

A escolinha durou o tempo da gestão do Silvio Carlos, mas ficou a ideia, e acredito que as escolinhas de futebol praticadas nas areninhas e que se multiplicam por todo o Estado, hoje em dia, são produtos desse pensar que tem como objetivo diminuir a desigualdade.

Portanto, foi com o coração envolto em alegria e reconhecimento que recebi o convite de um grupo de amigos para estar presente amanhã, a partir das 13 horas, no restaurante Nativas, antigo Dallas Gril. O Papa, assim carinhosamente chamado, vai fazer 82 anos. Saravá, Sílvio Carlos!