
O ex-jogador Sérgio Redes, ou
O ex-jogador Sérgio Redes, ou
Os versos de Chico Buarque ressoam nos meus ouvidos: "Foi bonita a festa pá/ Fiquei contente/ ainda guardo renitente/um velho cravo para mim”. Peguei um Uber e saí em direção à Embaixada da Cachaça para ver a exposição das obras do poeta Luciano Maia.
No caminho, fiquei pensando na imigração portuguesa espalhada pelo Brasil. Lembrei da infância no Rio de Janeiro, onde se comprava carvão no Gonçalves, pão no Manoel, ovos e leite no Moreira, verduras na chácara do Joaquim e carne no José Moutinho.
Na Embaixada, uma surpresa! Encostado no balcão, o arquiteto e urbanista Domingos Linheiros. Fera! Jogou no juvenil do Vitória-BA e até pensou em seguir carreira, mas trocou os pés pelas mãos e virou um craque na ponta fina de um lápis, porque desenha como ninguém.
Cumprimento-o cordialmente e pergunto pelo Vasco. Não deixou a bola cair e respondeu de primeira. “Foi roubado. Tomaram o jogo contra o Palmeiras". Escuto em silêncio porque sei que esse lance ainda gera discussão e penso no calvário que vive o Vasco.
Ele sabe que gosto do Vasco. Já disse que era menino quando conheci São Januário. Um estádio com um campo de futebol rodeado por uma pista de atletismo. Do lado que não tem arquibancadas, um parque aquático com um conjunto de piscinas. Debaixo das arquibancadas, os ginásios esportivos.
Numa das paredes, a frase: “Enquanto palpitar um coração infantil, o Vasco será imortal”. O Vasco era o Castro Alves do futebol. Os portugueses foram se misturando com as negras e com as índias. Os mestiços foram consequências dessa mistura.
Enquanto Flamengo, Botafogo e Fluminense arrotavam elitismo e proibiam os negros de frequentar suas sedes e jogar no seu time, o Vasco abria suas portas para todos. Foi com três negros, um mulato e sete brancos pobres que o Vasco ganhou seu primeiro título.
Brindamos ao Vasco e fomos sentar numa mesa do lado de fora. O Augusto Pontes dizia que à medida que a mesa cresce, a cultura desaparece. Fomos bem recebidos. Na hora de sair, apertei a mão do Linheiros e cantamos alto: "Casaca/Casaca/Casaca, zaca, zaca/ A turma é boa/ é mesmo da fuzarca/ Vasco/Vasco".
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