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O clube do povo, o imortal Vasco
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

O clube do povo, o imortal Vasco

Nunca mais esqueci. Tinha sete anos quando conheci São Januário. Passava dias na casa de um tio que morava na Barreira do Vasco. Em frente à Barreira o Gigante da Colina
Vasco brigou para não cair da Série A em mais uma temporada (Foto: Leandro Amorim/Vasco)
Foto: Leandro Amorim/Vasco Vasco brigou para não cair da Série A em mais uma temporada

Um estádio com um campo de futebol rodeado por uma pista de atletismo. Um parque aquático com um conjunto de piscinas. Debaixo das arquibancadas sociais os ginásios esportivos. Em uma das paredes a frase: “Enquanto palpitar um coração infantil o Vasco será imortal”.

Nunca mais esqueci. Tinha sete anos quando conheci São Januário. Passava dias na casa de um tio que morava na Barreira do Vasco. Em frente à Barreira o Gigante da Colina. O porteiro? Nunca mais esqueci o nome. Seu Mariano sempre deixava a gente entrar.

O Vasco tem isso. sempre deixa a gente entrar. Enquanto a zona sul do Rio de Janeiro de Flamengo, Botafogo e Fluminense vivia o sonho de uma bela época tropical, uma multidão de negros, portugueses, mulatos e brancos pobres se unia em busca de ascensão social.

Assim nasceu o Vasco. E surgiu como clube de remo em homenagem ao navegador português Vasco da Gama. Seus primeiros sócios eram comerciantes ou portugueses assalariados que viviam na zona norte ou nos subúrbios. Fundar um clube era um caminho para enfrentar à discriminação.

O futebol chegou ao Vasco em 1916 quando o Lusitânia, clube só de portugueses, tentou se filiar a Liga e não conseguiu. O jeito foi se juntar ao Vasco que aceitava brasileiros como sócio. O Vasco começa na terceira divisão em 1916 e em 1923 subiu para a divisão especial.

No início achavam que o Vasco seria um saco de pancadas. Engano! Ao contrário dos clubes da zona sul onde os jogadores eram estudantes, médicos e advogados, o Vasco formou seu time na população de desocupados e trabalhadores de baixa renda.

Como não havia profissionalismo seus jogadores se empregavam e almoçavam nas casas de comércio dos portugueses e recebiam bicho. Foi com três negros, um mulato e sete brancos pobres que o Vasco ganhou seu primeiro título na divisão especial do Rio de Janeiro. Imagino que a foto ainda esteja na sala de troféus.

De uns anos para cá administrações que não estão à altura do clube o levam a cair e retornar à primeira divisão. O time está sempre deixando a desejar, mas inversamente proporcional à produção no campo sua torcida cresce. Enquanto palpitar um coração infantil o Vasco será imortal.

Foto do Sérgio Redes

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