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Os três tapinhas
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Os três tapinhas

O árbitro baiano Bruno Nogueira Prado poderia ter entrado para a história no jogo ABC x Maranhão, pela Copa do Nordeste, em que houve um pênalti inusitado
Tipo Crônica
Lance do jogo ABC x Maranhão, no Frasqueirão, pela Copa do Nordeste 2024 (Foto: Rennê Carvalho/ABC F.C.)
Foto: Rennê Carvalho/ABC F.C. Lance do jogo ABC x Maranhão, no Frasqueirão, pela Copa do Nordeste 2024

O Maranhão vencia o ABC por 2 a 1 dentro do Frasqueirão, em Natal, até que, aos 49 minutos do segundo tempo, o inusitado acontece. Yann Baldez, lateral do Maranhão, comemorou uma defesa de Moisés, goleiro do seu time, dando três tapinhas na bola.

O árbitro baiano Bruno Nogueira Prado não teve dúvidas. Apontou para a marca penal. Segundo os entendidos, fez o que era para fazer, pois embora a bola estivesse nas mãos do goleiro, ela estava em jogo. Outros acharam que foi uma ingenuidade do jogador.

Também acho que embora correndo o risco de ser punido por não ter cumprido a regra, o árbitro perdeu uma chance de ter entrado para a história julgando o lance com empatia. Ora, caro leitor, o jogador do Maranhão não teve intenção de prejudicar ninguém.

Pelo contrário! Comemorou com três tapinhas na bola. O número 3 tem sua história. Os povos antigos entendiam os raios como sinais dos deuses. Achavam que os deuses moravam nas plantas e batiam três vezes na madeira das árvores para afastar os maus espíritos.

Entrevistado pelo Alberto Bial no podcast da TVC, “Alma em Jogo”, sobre os motivos que levaram o Botafogo à derrocada no segundo turno do Campeonato Brasileiro, não sabia o que dizer. Bati três vezes na madeira da mesa e disse: “Pra lá, abacaxi, que eu tomei leite”.

No futebol, o 3 aparece a todo instante. No WM, pai e mãe de todos os sistemas táticos, onde 2/3 da sua configuração é representada por triângulos, daí, as orientações dos técnicos para que os jogadores façam triangulações e iludam os adversários.

A articulação das manobras ofensivas propostas na máxima de Gentil Cardoso — "quem desloca, recebe; quem pede, tem preferência" — implica num triângulo, pois o jogador com a bola está num dos vértices, no outro alguém pede o passe, mas quem recebe é o terceiro, que se deslocou.

O goleiro é um solitário, e o ato de Yann Baldez festejar com Moisés dando três tapinhas na bola humaniza o futebol. O árbitro, numa atitude soberana, poderia juntar todos os jogadores na área do Maranhão e dizer para o mundo inteiro: "Não posso marcar o pênalti".

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