Carioca de nascimento, mas há décadas radicado no Ceará, Sérgio Rêdes — ou Serginho Amizade, como era conhecido nos campos —, foi jogador de futebol na década de 1970, tendo sido meia de clubes como Ceará, Fortaleza e Botafogo-RJ. Também foi técnico, é educador físico, professor e escritor. É ainda comentarista esportivo da TVC, colunista do O POVO há mais de 20 anos e é ouvidor da Secretaria do Esporte e Juventude do Estado
Criada em 1979 e com cada vez mais poder, a CBF teve presidentes presos, banidos do futebol e afastados da entidade
Foto: RAFAEL RIBEIRO/CBF
Samir Xaud, novo presidente da CBF
Imigrantes e filhos de brasileiros estudando no exterior trouxeram as regras, os regulamentos, as primeiras bolas e os implementos. Futebol, boxe, remo, basquete, atletismo e outros esportes. Havia liberdade de funcionamento e a normatização era por conta das entidades privadas.
O esporte era da sociedade e não havia interferência de governo. Esta liberdade caracterizada pela livre organização gerava controvérsias. O futebol possuía duas ligas de direção nacional. Uma em São Paulo (LFESP) e a outra no Rio de Janeiro (LFRJ) e a Fifa só reconhecia uma.
Percebendo no esporte um instrumento de projeção e visando adequá-lo às exigências internacionais, Getúlio Vargas, na época presidente do Brasil, criou, através do decreto-lei 3.199/41, o Conselho Nacional de Desporto (CND), com a função de controlar e tutelar a prática esportiva.
O CND era o braço forte do governo federal. Os CRDS — Conselhos Regionais do Desporto — controlavam as federações nos estados e as ligas nos municípios. O Estado Novo ganhava um mecanismo importante capaz de manipular as massas e mexer com o orgulho do cidadão comum.
Foi nessa esfera autoritária e centralizadora que o esporte se organizou. A CBD — Confederação Brasileira de Desporto — englobava diversas modalidades desportivas. Um decreto da Fifa, então, obrigou a criação de uma entidade que cuidasse exclusivamente do futebol e, em 1979, nascia a CBF — Confederação Brasileira de Futebol.
À exceção de duas Copas do Mundo, conquistadas em 1994 e 2002, a herança deixada pelos seus dirigentes é um péssimo exemplo. Seus presidentes Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, Rogério Caboclo e Ednaldo Rodrigues foram banidos do esporte, presos ou afastados da entidade.
Domingo passado, foram realizadas eleições para presidente da CBF. Um único candidato. Samir Xaud foi eleito. Com o afastamento de Ednaldo Rodrigues, que havia sido eleito menos de um mês antes, clubes e federações se rearranjaram e escolheram um novo presidente.
Recente decisão aprovada em assembleia da CBF passou o salário de presidente de federação estadual para R$ 215 mil por mês. O futebol nos dias de hoje virou tarefa para uma elite e a CBF aprova essa divisão social. E pensar que toda a reforma deve emergir da base e não do vértice, como tem sido frequente na sociedade brasileira.
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