Carioca de nascimento, mas há décadas radicado no Ceará, Sérgio Rêdes — ou Serginho Amizade, como era conhecido nos campos —, foi jogador de futebol na década de 1970, tendo sido meia de clubes como Ceará, Fortaleza e Botafogo-RJ. Também foi técnico, é educador físico, professor e escritor. É ainda comentarista esportivo da TVC, colunista do O POVO há mais de 20 anos e é ouvidor da Secretaria do Esporte e Juventude do Estado
Foto: Samuel Setubal
Expulsão de Vina simbolizou um time "pilhado" e estressado na fase decisiva da Série A
Embora tenha reclamado o ano inteiro da proposta de jogo do Ceará, que se baseava em um forte esquema defensivo e aguardava uma ou duas bolas para fazer um gol de contra-ataque, andei tentando me convencer que a tática do técnico Léo Condé tinha lá suas razões de ser.
Afinal de contas, o clube tinha um dos menores orçamentos da primeira divisão e os jogadores escolhidos para a temporada se esforçavam ao máximo para executar as manobras defensivas, com destaque para os dois ponteiros Galeano e Pedro Henrique, que marcavam como ninguém. Como dizia meu amigo Romeu: Era um time de operários.
A torcida compreendia esse esforço e aplaudia a retomada da bola na expectativa do contra-ataque. E os resultados apareceram. O time se mantinha na metade da tabela e, no final do primeiro turno, a vitória contra o Cruzeiro e o empate contra o Flamengo sinalizaram um caminho certo.
Por outro lado, dificuldades foram surgindo. Sempre que enfrentava equipes no Castelão e tinha por obrigação demonstrar domínio do jogo e ofensividade, o Ceará empacava e decepcionava. A sensação que passava era de que a equipe tinha se viciado em marcar e contra-atacar.
A derrota para o Internacional ficará na história. A equipe entrou pilhada no campo. Com cinco minutos de jogo, Dieguinho tinha recebido um cartão amarelo por uma voadora na altura do meio do campo e Vina foi expulso por ter dado uma entrada violenta frontal na canela do adversário.
Como explicar isso? Uma equipe num momento superior, jogando dentro dos seus domínios, com o apoio de seus torcedores, comete essas besteiras. Estresse? Imagino que seja a resposta. Converso com o psiquiatra Gurgel e ele me diz que o ser humano focado não dá asas à imaginação.
Dou asas à imaginação. Parece que estou vendo jogadores, técnico e dirigentes, de mãos dadas, no vestiário antes da partida rezando "pai nosso que estais no céu" para que se obtenha a tão sonhada classificação. Natural que a palavra de ordem dada tenha sido "vamos marcar".
Exageraram na marcação! Depois dessa derrota a equipe se desintegrou. Disputou 15 pontos e ganhou apenas um. Como escreveu Tostão: "Há momentos para agir e pensar, para a velocidade e para a pausa, contração e relaxamento, sístole e diástole. Difícil é, ao mesmo tempo, correr e pensar".
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