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O rádio e a relação íntima que ele cria com os ouvintes
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

O rádio e a relação íntima que ele cria com os ouvintes

Tipo Crônica

Tem gente que você fica tempo sem ver e quando encontra é como se fosse ontem. Não foi o caso, mas conheço o Ernesto desde os tempos em que a praia era a AABB, o bar, o Estoril e a caipirinha era do "Escorrega Lá Vai Um", que ficava na praia em frente o Náutico.

Amigos comuns davam conta de sua vida nos Estados Unidos, onde teria virado uma fera nos computadores. "Trabalha com o Bill Gates", me disse certa vez o Marcelo, com os olhos arregalados. Portanto, fiquei surpreso quando o encontrei na Beira Mar com um radinho de pilha.

Isso mesmo! O craque dos computadores descia a Beira Mar em direção aos peixes com um radinho de pilha no ouvido. Um bate papo rápido, a promessa de nos encontrarmos outro dia, e a lembrança dele do Fortaleza campeão de 1973: "Lembras daquela noite?", me perguntou.

Fui em frente pensando que mesmo nesses tempos de audiovisual, o rádio permanece vivo. E refletindo sobre suas qualidades, noto que é o único veículo de comunicação que permite fazer duas coisas ao mesmo tempo. Tipo: ouvir notícias e dirigir.

Uma partida de futebol pelo rádio tem seus encantos. Os torcedores têm seus locutores prediletos e estabelecem com eles uma relação. A informação dada percorre um fio, como se fosse um rastilho de pólvora e atinge em cheio o coração do torcedor apaixonado.

E tome "a bola bateu na trave!", "passou raspando o travessão superior!" ou "foi pênalti!" ou "o jogador está na banheira!". Ou ainda, o repórter de pista interfere e o locutor retoma com "o placar e o tempo contam a história da partida", até finalizar com "E o tempo passou!"

É um romance! As expressões acima criam divisões temporais que poderiam ser chamadas de capítulos. Apoiado nessas divisões, os locutores e suas equipes vão se revezando e desenvolvendo narrativas, procurando dar um sentido e uma explicação à irracionalidade do jogo.

O rádio é um companheiro inseparável do torcedor. Não basta ver o jogo. Ele precisa de um número infinito de informações para desempenhar o papel que a história lhe reservou. É ele que, num determinado dia, em algum lugar, como se fosse um romancista descreverá: "Naquela noite..."

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