Pelo Código Civil de 1916, as mulheres eram tratadas como dependentes do pai ou do marido para qualquer decisão importante da vida cotidiana. Esse cenário começou a se transformar de forma mais concreta com a criação do Estatuto da Mulher Casada, sancionado em 27 de agosto de 1962, que hoje completa 63 anos de existência. A partir dele, as mulheres passaram a conquistar maior autonomia na vida civil.
Mais do que mudanças jurídicas, o Estatuto representou um marco simbólico rumo à emancipação feminina. Ele abriu portas para que outras legislações incorporassem esse tema, como a Constituição Federal de 1988, que consolidou a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Neste mês de agosto, integrei a celebração dos 50 anos da Associação de Lojistas e Líderes Femininas (ALFE), resultado do esforço de mulheres visionárias e pioneiras, que fundaram uma instituição decisiva para a valorização da presença feminina no mundo dos negócios. Um legado que segue inspirando novas gerações.
Com liberdade, chegamos mais longe. Precisamos revisitar essas conquistas cotidianamente, conscientes de que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito em prol dos direitos das mulheres. Foi esse sentimento que me acompanhou na abertura da 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, realizada na última semana pela Secretaria das Mulheres do Ceará.
A condução firme e inspiradora de Lia Ferreira Gomes deu o tom desse espaço pulsante, que reuniu mulheres fortes e de luta para seguirmos na construção coletiva dos nossos direitos. Esse olhar para trás nos ajuda a compreender o presente. A luta das mulheres do passado não apenas garantiu avanços legais, mas também fortaleceu a noção de que igualdade de gênero é condição essencial para a democracia e a justiça social.
Ainda assim, a caminhada não terminou: seguimos enfrentando a violência de gênero e outros tantos desafios. Cada conquista que temos hoje é fruto da coragem de mulheres que ousaram desafiar as estruturas do seu tempo. Nosso maior compromisso é honrar esse legado, ampliando as lutas por uma sociedade verdadeiramente igualitária.