Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Um dia meu pai chegou lá em casa acompanhado de um fotógrafo profissional para tirar fotos de mamãe e dos sete filhos. Nesta época, ainda morávamos em uma comunidade distante da sede do município. Mamãe arrumou a gente como pode e cada um de nós fomos para frente da câmera para o 3 x 4. A fotografia seria para colocar na carteirinha do Inamps que nos daria o direito de ter atendimento médico no sistema público. Só os que contribuíam com a Previdência Social tinham direito à saúde.
A partir daquela carteirinha, nós seríamos dependentes de papai e participaríamos daquele ‘seleto’ grupo de pessoas. Quem não tinha aquele documento de contribuinte ficava a depender, em tempo de doença, dos favores de políticos ou da caridade do serviço de filantropia que, naquela época, estava em grande maioria nas mãos da Igreja Católica. Os políticos indicavam o caminho para a saúde. Porém, mais na frente cobravam a fidelidade do voto. Os favores não chegavam para todos. Por isso, , era comum as pessoas morrerem à míngua em casa. Ficavam doentes se cuidavam como podiam tomando chás ou fazendo promessas para os santos.
Essa realidade mudou muito com a Constituição de 1988. A saúde no Brasil passou a ser um bem universal com o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o SUS, todos têm garantia de atendimento gratuito. Minha carteirinha virou obsoleta. Apesar de todos os defeitos, especialmente causado por administrações ruins, o SUS foi uma criação abençoada para os brasileiros mais pobres. Basta imaginar como teria sido o suplício dos brasileiros sem a existência do Sistema agora na pandemia do novo coronavírus.
A história da foto, que guardo até hoje, me veio à lembrança agora em que o presidente Bolsonaro assina decreto para iniciar Parceria Público Privada (PPP) nos postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso pode significar o início da privatização do sistema. Quem lança uma ideia dessa “só pode ter pedra no coração”. Era assim que dizia minha tia Donica quando alguém fazia uma ‘maldade das piores’. Num país desigual como o Brasil, não é possível abrir mão da saúde universal que só o SUS pode prover.
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