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Sobre o Natal de 2020
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

Sobre o Natal de 2020

Tipo Opinião
Presépio: alegria do Natal (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Presépio: alegria do Natal

O Natal era simples. Com árvore artesanal improvisada, feita a partir de galhos secos colhidos no cercado. As bolinhas coloridas quando encostadas no nariz faziam o rosto ficar esquisito. Mas era a mais bonita que eu já vi na vida. Natal era caminhar quilômetros até a sede da pequena cidade para esperar a Missa do Galo. Era andar de lá para cá num frenesi de gente entre o parque de diversão e a Praça da Matriz. Comer pirulito, rosca e tomar guaraná Del Rio. Ter desejo de ganhar bolas de futebol coloridas ou as bonecas de plástico que os camelôs colocavam penduradas na banca para ficar aos olhos das crianças. Uma delas, me lembro bem, era em formato de bebê com as mãos para cima, as pernas abertas e um bico na boca. O brinquedo não movia pé ou pernas, mas era objeto de desejo das crianças.

O Natal era presépio. O da Matriz era montado na lateral da igreja, com imagens gigantes que o padre guardava e só retirava nos dezembros. O verde do presépio era trazido pelas sementes de arroz plantadas em latas de leite dias antes, para que as folhas desabrochassem e dessem um frescor do inverno que estava por vir. Na noite de Natal, antes da celebração, o local virava ponto de visitas, com as mães mostrando que a imagem na manjedoura representava Jesus Cristo. Ele tinha nascido no estábulo, entre animais, para mostrar que o ser humano é majestoso.

É desses natais que desejo falar no fim de ano de uma pandemia que nos roubou muitas alegrias, deixou os nossos corações apertados em certos momentos e fez com que chegássemos ao fim do ano fadigados e exauridos. Muitos dizem que o Natal de 2020 será diferente, mas acredito que ele seja da essência, da transformação, da regeneração para um período de volta à natureza, em busca da felicidade.

Enxergo o Natal deste ano como de progresso para a humanidade, embora às vezes, isso pareça tão inadequado. Os que são contra a ciência estão aí, nas praças, desejando ardentemente a volta do passado, que, acredito, não tem retorno. Por julgar que estamos evoluindo, é que nada me tira a emoção de continuar gostando de árvores enfeitadas, luzes e lapinhas.

Foto do Tânia Alves

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