Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Por estas bandas do Ceará, o tempo começa a ficar mais ameno logo depois dos fins d´água entre junho e julho. Tem início com uma brisa pouquinha, quando a gente se despede da última fogueira. Na Serra, traz sensação de frio, obrigando os moradores a se abrigarem em roupas de lã. No Sertão, chega aquele tempinho bom de madrugada que faz as flores amanhecerem molhadas de orvalho e cobre a estrada de névoa bem cedinho. A paisagem fica bonita quando o sol está nascendo. Quem madruga desprevenido é obrigado a cruzar os braços para se proteger da brisa.
O vento e o sol desta época do ano trazem a vivência da liberdade que dão as férias escolares. Em tempos normais, revive a sensação de não ter nada para fazer, nenhuma tarefa para entregar ou ter que acordar cedo para a educação física obrigatória. Estranho, pois quando você tem a manhã inteira para dormir, o bom mesmo é continuar madrugando para sentir o frescor do dia. Sentar no batente da porta da frente, olhar para o terreiro que a mãe já limpou mais cedo, tomar café em caneco de plástico, comendo pão com manteiga e só olhando a paisagem para sentir o vento e deixar a lembrança fluir.
Naquele batente, permitir que a ventania e a sensação de férias te levem em recordações até à casa dos avós quando tinha abraços na chegada, brincadeiras com os primos no alpendre, pipas improvisadas feitas de folhas cadernos já sem utilidade. Tinha ainda cheiro de café passado na hora e almoço com mesa grande coberta de toalha de plástico encerado e sala de janta, com paredes de taipa enfeitadas com imagens de santos formando um espaço simples, mas aconchegante. Espiar os baús da tia na camarinha, também era brincadeira para julho dos ventos. Abrir rapidinho para sentir o cheiro de Alma de Flores nas roupas, antes que tia chegasse e expulsasse com delicadeza a gente dali. Naquela caixa ela guardava todos os segredos de uma vida que levou para sempre.
Quando agosto chegava e a volta às aulas era obrigatória a ventania começava a ficar mais forte. Formando redemoinhos na rua de chão batido que mamãe rebatia com a jaculatória “Aqui tem Maria, aqui tem Maria”, para evitar que eles entrassem dentro de casa derrubando tudo e deixando os cômodos cheios de folhas e poeira. A Funceme explica que julho faz parte da pós-estação e que em agosto tem início a temporada de ventos fortes no litoral, pois eles passam a vir do Leste ou de Sudeste (do continente para o oceano). Mas para mim, eles são somente os ventos que trazem lembranças.
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