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Quem desejaria acabar com o Cocó?
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

Quem desejaria acabar com o Cocó?

Incêndio em vegetação do Cocó deixa parte da Cidade coberta de fumaça numa prova da importância da floresta para Fortaleza
Incêndio no Parque do Cocó deixa Fortaleza sob nuvem de fumaça na manhã desta quinta-feira, 18 (Foto: FABIO LIMA/ O POVO)
Foto: FABIO LIMA/ O POVO Incêndio no Parque do Cocó deixa Fortaleza sob nuvem de fumaça na manhã desta quinta-feira, 18

A fumaça que tomou conta de Fortaleza, nesta quinta-feira,18, deixando parte da Cidade envolta em fumaça me partiu o coração. As notícias chegavam pelos portais e se espalharam rapidamente pelas redes sociais de minha bolha. Todos lamentando que parte daquela vegetação do Cocó que eu gosto tanto de olhar da janela estava sendo devorado pelo fogo. Pior: o foco atingiu 12 pontos do parque poderia ser criminoso, conforme os bombeiros.
Fiquei a pensar quem desejaria tocar fogo e acabar com a floresta do Cocó. Me veio à mente gente que não tem apreço pelo verde que gosta de prédios altos, concreto, de viver tão intensamente o desejo do ter mais e mais. Pessoas que sequer cogitam imaginar a necessidade que a floresta terá no futuro do menino José Santana, que nasceu no mesmo dia que o parque está incendiando e que foi muito bem recebido lá pelas bandas do Crato, nas terras dos Kariris, para alegria do governador Camilo Santana e Onélia. O nascimento de uma criança é sempre uma alegria. Mesmo em dia de fogo no parque.
Mas essa ideia do homem mau que não quer saber do futuro e é capaz de colocar fogo na floresta que colore de verde parte da Capital é tão inconcebível. Chega a doer de tão perversa. Daqui passo a julgar: quem poderia viver assim?
Pensei a imaginar que o incêndio seria fruto de gente que coloca fogo no monturo, que joga bagana de cigarro da porta do carro sem necessariamente ter a intenção de queimar as árvores ou fazer a malvadeza de olhar o céu da cidade cheia de fumaça e ficar rindo da cara da gente. Eu mesmo passei parte da vida reconhecendo como natural, nesta época do ano, ver meu avô e tios fazendo aceiros para arrumar a terra para plantio à espera do inverno. Hoje não mais.
Divagar sobre quem desejaria acabar com o Cocó me trouxe a uma realidade: nós todos ainda temos um longo caminho pela frente para entender, respeitar e conviver com a natureza. Ajudar nessa educação é missão de todos nós. É um trabalho que já começou para alguns iluminados e que necessita se espalhar para que o simples fato de queimar o monturo, por exemplo, não se transforme numa tragédia. É a labuta que servirá, talvez, para o José Santana. Seja bem-vindo, José. O mundo é bom, mesmo com esta fumaça que hoje a gente enxerga no céu e inala sem querer.

 

 

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