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Maria Preá e a Teoria da Relatividade
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Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro

Tarcísio Matos arte e cultura

Maria Preá e a Teoria da Relatividade

Tipo Crônica

Dr. João Cabeça, cabra nascido no Sertão Central, hoje estuda nos Estados Unidos. É o fraco! Está se pós-doutorando em Estado Mais ou Menos Sólido da Matéria numa das mais gabaritadas universidades norte-americana. Tipo que saiu dos matos, mas o mato não sai dele nem a pau; férias, sempre no Ceará, pescando, comendo beiju, coalhada... Tenta dizer em inglês, pro povo de lá, como é que o cearense fala isso e aquilo. O people se abre, acha que Dr. João fala sério. Nesse pormenor, ele me escreve contando história real, que dá até um TCC, a quem se atrever.

Era uma aula de Quântica. O professor, um conhecido Prêmio Nobel. Após longas explicações sobre um tal "Reino das Potencialidades, onde acontece o que chamamos de colapso de onda, com essas possibilidades se manifestando no reino da matéria, no nosso mundo real", vira-se pra turma e cisma de escolher justo Dr. João - caba do Sertão Central - pra opinar sobre o que explanara. O ilustre conterrâneo, invocado todo (comedor de peba quando rapaz, perito em armar fojo e montar jumento no osso), pega o giz e vai à lousa expor o que entendeu.

Rabiscou daqui, enunciou dacolá, multiplicou por dez e elevou a quinta potência; quando acabar, dividiu tudo por 123, noves fora 8. Tirou a raiz quadrada, somou a outra metade, passou a régua e botou um ponto final na extensa digressão. Como se dissesse "sou do bom e chego cedo!, deu um gritou (nem muito alto, nem muito baixo), externando a incontida alegria pelo sucesso do que houvera calculado:

- E morreu Maria Preá!!!

Ganhou um ponto (o máximo que um professor normalmente dá) e foi ovacionado por cinco minutos seguidos. E nunca mais se falou em Relatividade...

A unha de peba e o feliz casal

Irineuda, alta executiva no ramo de bulim, viajou às pressas pro Cariri e deixou o marido Dandão Barriga Branca cuidando dos meninos. Ele, sempre apaixonado, achou de fazer uma surpresa a ela, algo que dissesse de toda a admiração, carinho e amor que tinha no coração gentil. Teve uma ideia - infeliz ideia, como verem, crente que iria abafar quando a esposa regressasse. Passado uma semana, Irineuda liga pedindo a Dandão vá buscá-la na Rodoviária. Alegre feito pinto em balseiro, lá ele está. Ela, ainda ligada nos negócios, entra no carro não dá fé de nada. "Mas uma hora ela vai notar algo diferente n'eu!".

Pra encurtar conversa, os dois já estão deitados. Ela, super cansada, pede que ele "faça cósca" nas costas para logo adormecer, como de costume, arrastando a unha disforme (troncha) que ele cultiva (ou cultivava) desde que sofreu uma martelada de jeito, menino ainda. Sentindo um roçar de diferente (a mania tinha já 10 anos), Irineuda pula da cama e grita:

- Que foi que aconteceu?

- Amor, eu fui numa podóloga amiga...

- Pois vai levar tabefe no fucim tu e essa bruaca, seu...

- Ciúme, é?

- Deixa de ser abestado!

- Achei que tu ia gostar...

- Como gostar? É nessa tua unha de peba que eu me encontro e adormeço ligerim! Quero ela de volta, senão...

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