
Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
Cheio de nove horas, é modelo de sujeito falante, que tudo sabe - e nada entende, quando investigado mais proximamente. Tudo presenciou, protagonizou, testificou. Conversa bonita tali. E as frases de efeito criadas a partir do que ouviu em inglês, francês, esperanto? "Ox fóide di grandi xibiribibiu!", a ele atribuído, é pensamento "mental" de significado secular - "Nos menores frascos, as melhores essências". Que tal esse - "Mas se você dadaba, dadaba vineneco", cujo significado assegura ser - "Se você não me queria, não devia me procurar, não devia me iludir..."?
- E se não for, eu cegue!!! Me deixe em paz!!!
Utilizado por Falcão em rompantes fuleirosóficos, chama pra si a autoria do latinado - "Lago cabo mater tu amala burra est" - "Agora eu faço como o ditado: iê, iê!". Olavo Babau, a quem me refiro, não consegue pronunciar o que está escrito no papel, simplesmente articula do jeito que lhe chega às oiças a palavra, a frase, o remoque. Dona "Carmelitra" (sogra dele), seu "Alfrane" (marido de dona Carmelita - Afrânio); dotô Nambuco (Dr. Nabuco, urologistra); "contragota" (contagota); "Uai faz" (Wi-Fi - "Wireless Fidelity"); Antônio pros dentes (onde tratou ferida braba)...
- O resto do tratamento foi em casa, a "Rô me quer"!
A desculpa que aplicou para não ir ao batizado da neta do cunhado do genro da ex-vizinha Carmosa foi cinematográfica. Por conta, quiçá, do que rolou com uma filha que viajou pra Califórnia, Olavo Babau matou a pau em matéria de convencimento a quem lhe fez o convite. "Infelizmente, infelizmente! Foi mal!"
- Estou em Horizonte, no sítio, e meu passaporte pra voltar ao Montese venceu. Terei de ir a Pacajus resolver a querela diplomática na Embaixada! Entende? - disparou.
- Não, mas é perfeitamente compreensível! Cuidado pra não ser deportado! - respondeu o cunhado do genro da ex-vizinha Carmosa, algo mais ou menos consolado.
- Meu querido, nem sempre a gente ganha, mas sempre a gente tem raiva...
- Se você tá dizendo...
- Disse e tá dizido! Quem quiser que ôva!
No Guajiru, final de semana derradeiro de abril, na praça da Matriz de Nossa Senhora dos Navegantes, boquinha da noite, a pergunta do pescador um tanto já "truviscado" da velha "caieba" ao cachorro magricelo que lhe fazia companhia, na calçada alta, chamou-me a atenção pela profundidade ontológica, a dimensão hermenêutica, o quilate transcendental, a repercussão socioambiental magnânima, enfim. Perquirição como aquela, só do gênio incompreendido.
Tenho "ouvisto" o físico brasileiro Marcelo Gleiser defender, e eu concordo, que ciência e religião não precisam ser vistas como antagônicas; todavia, nada se compara ao questionamento quântico do preclaro guajiruense. Michio Kaku, cientista norte-americano de nome horroroso, destaca ser "ridículo achar que somos a única espécie inteligente". Acredito piamente que seja, mas... Stephen Hawking em suas especulações acerca de cenários catastróficos - guerra nuclear, inteligência artificial descontrolada, eventos cósmicos - bate nem o centro quando comparado à problemática levantada pelo colega praieiro. A inquisição do moço, simplesmente:
- Tu sabes, Tupi, qual o impacto ambiental da mijada de um sujeito imprevidente, de seus 80 anos, no mar desse Oceano Atlântico de Meu Deus?
Atento à exposição interrogativa, o cachorro levantou-se, abanou o rabo de lá pra cá três vezes, fez xixi no poste ao lado e uivou à moda um lobo solitário, como a dizer em alto e bom som em que resultaria a mijada de um sujeito imprevidente no mar:
- Lascou!!!
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