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A carroça, o burro e as fontes renováveis
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Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro

Tarcísio Matos arte e cultura

A carroça, o burro e as fontes renováveis

Tipo Crônica

Quem ainda, hoje em dia, vê carroça puxada por tração animal na Aldeota? Pois eu vi uma nesse começo de ano, fazendo mudança, com direito a levar o cachorro amarrado em barbante no chassi. Infeliz e hilariante episódio... É que o animal entendeu de defecar no cruzamento de duas ruas famosas, para azar do senhor que, desavisado, atravessava a dita artéria "de a pés". Sapato mocassim zerado agora imerso na bosta verde do burro branco. Inevitáveis palavrões!

- Arre eras!!! Piula!!! Fela da gaita!!!

O "carro tosco puxado por bestas, para transporte de carga..." prosseguiu viagem, malgrado o incidente. Quando o senhor do sapato cagado, ainda atolado no cocô, berrou de novo atônito:

- Pare já isso! Vou chamar o Juizado de Pequenas Causas! Exijo reparação!

Pra encurtar conversa, a vítima ganhou a questão. A análise dos peritos não deixava dúvidas. O problema é que a carroça fazia serviços eletrônicos de transporte privado urbano clandestinamente (Uber de pobre), o guiador não tinha habilitação e o burro, por mais tentassem, não conseguia reparar o que fizera em bom português.

O último galo

Seu Bibiu e dona Safira viviam, no pé dum serrote, da cestinha básica doada pelo Gunverno. Foguinho de lenha, fogãozinho de barro, trempes em petição de miséria. Pros dois qualquer comidinha matava fome, coisa do mato mesmo - do peixe ao preá. Aqui e acolá, 'interavam' com farinha, macaxeira, jerimum.

Mas, a calmaria é quebrada com a chegada do sobrinho de Safira, João Moganga, que dizem corrido da polícia. Comia feito um condenado. As omoplatas, duas portas. O almoço dele era pra quatro se fartarem. Engolia, arrotava e deitava na rede até!...

Quinze dias de sobrinho por lá e Safira não tem mais o que levar ao fogo. João tira o dia nos braços de morfeu. Parece morto. O velho Bibiu pede a mulher que acorde o rapaz, pelo menos pra caçar um tiú, um peba. Safira chacoalha a rede.

- Acorda, homi! Se anime!

João apenas roncava. Dormia desde as quatro da tarde anterior. Já lá se iam 25 horas de berço. Bibiu queria que aquele homão fosse ao menos ver um feixe de lenha no mato pra cozinha sabe Deus o quê...

- Levante, preguiça! Isso são horas? O galo já cantou!!!

- Cuma? Ainda tem um galo! Bom, quando estiver no ponto, me acorda!

O elixir do Giovani Oliveira

O amigo iguatuense conta que seu Teté comprou uma garrafa do "Elixir da Juventude" e toda noite tomava uma colherada do milagroso remédio. Certa noite, emborcou a garrafa toda e foi dormir, sedento de renovar tudo mais apressadamente. Como de costume, ele acorda cedo. Mas, naquele dia, sua jovem namorada estranhou que ele ainda dormisse depois das cinco da manhã. Tentou acordá-lo:

- Tetezinho, meu filho, acorde!

Pôr três vezes a moça tentou despertar o velhinho, que dormia o sono dos justos. Já preocupada, balançou o punho da rede com força e bradou:

- Filhinho, acorde!!!

Seu Teté abre enfim os olhos e diz, bocejando:

- Acordar eu acordo, mas não tem quem faça eu ir pro colégio hoje!

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