
Vertical é a coluna de notas e informações exclusivas do O POVO sobre Política, Economia e Cidades. É editada pelo jornalista Carlos Mazza
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Servidores da saúde, diversos políticos e pacientes do Hospital José Martiniano de Alencar participaram nesta sexta-feira, 11, de manifestação pública contra a transferência da unidade para atendimento exclusivo de agentes da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Ato teve participação de deputados e do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT).
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“A Polícia Militar necessita, pelas especificidades, de um hospital, de um centro de saúde específico para a polícia (...) mas é preciso que o Hospital José Martiniano continue aberto e que o governo arrume outro jeito, um plano de saúde complementar ou uma nova unidade hospitalar para atender a justa reivindicação da polícia militar”, diz o ex-prefeito.
A tese do pedetista, no entanto, vem sendo contestada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Em nota enviada à coluna nesta quinta-feira, 10, a pasta afirmou que a mudança no José Martiniano não irá afetar os atendimento para a população em geral, mas sim promover a inclusão de atendimento específico para policiais militares.
A informação representa uma mudança de postura do governo Elmano de Freitas (PT) sobre o tema. Em reunião do Comitê Estadual da Saúde de 4 de fevereiro, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) afirmou que "todos os serviços prestados pela unidade" continuariam, mas com "remanejamento" para "outras instituições".
“A Sesa e a PM trabalham em conjunto para definir o cronograma de atividades e os trâmites necessários à adequação da gestão. A Secretaria reitera que a unidade seguirá funcionando com 80 leitos para o atendimento aos usuários”, continua a nota.
“Nós viemos aqui para defender a continuação dos serviços que são prestados aqui por esse hospital à população cearense”, protesta o deputado Antônio Henrique (PDT), presente no ato. “O governador, em uma atitude não pensada, imagino eu, está querendo fechar o hospital para levar, para atender a uma categoria que é muito importante, que são os servidores da segurança pública do Estado do Ceará”, acrescentou.
Além de RC e Antônio Henrique, participaram do ato também os deputados Cláudio Pinho (PDT), Lucinildo Frota (PDT), Queiroz Filho (PDT), Dra. Silvana (PL) e Heitor Férrer (União). “É uma perversidade e um crime contra a população devolver o equipamento para a Polícia Militar. Valorizar a PM é dar dignidade e condições de trabalho ao policial militar sem precisar sacrificar a saúde dos cearenses”, diz Férrer.
Nesta quinta-feira, os secretários Chagas Vieira (Casa Civil) e Tânia Mara (Saúde) divulgaram vídeo nas redes desmentindo boatos de que a unidade seria desativada pelo Estado. “É mais uma fake news, mas nós vamos desfazer as mentiras que ficam plantando aí, de alguns políticos que fazem da mentira e do ódio a sua prática diária”, diz Chagas.
“Isso é mentira, o governo não vai reduzir um serviço sequer do Hospital Martiniano de Alencar (...) o que o governador Elmano está fazendo é, reconhecendo o trabalho das nossas forças de segurança, a singularidade dessa profissão, desses guerreiros que arriscam a vida para proteger a população, é justamente para que eles pudessem ter um tratamento específico no hospital, que sempre os pertenceu”, diz.
A fala é corroborada pela secretária da Saúde. “Fizemos uma articulação com a PM e o hospital vai passar para a gestão da polícia. Entretanto, teremos atendimento para a população do SUS (...) não vamos fechar a porta para a população, e dos 80 leitos do Hospital José Martiniano, nenhum será reduzido”, afirma Tânia Mara.
Fundado em 1939 como Hospital Central da Polícia Militar do Ceará, a unidade foi rebatizada e incorporada à Sesa em 2011, no governo Cid Gomes (PDT). Na época, foi conduzido extenso estudo pelo ex-secretário Arruda Bastos destacando benefícios da incorporação da unidade ao SUS. A ideia agora é “devolver” a unidade à corporação.
(colaborou Camila Maia, especial para O POVO)
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