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UFC concede título de graduação póstumo a Bergson Gurjão, vítima da ditadura
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UFC concede título de graduação póstumo a Bergson Gurjão, vítima da ditadura

Ex-aluno do curso de Química foi expulso da universidade em 1969 e assassinado pelo governo militar em 1972; evento ocorre nesta sexta-feira, 16
Bergson Gurjão Farias (1947-1972) 
foi aluno do curso de Química da UFC (Foto: Memórias da Ditadura/Divulgação)
Foto: Memórias da Ditadura/Divulgação Bergson Gurjão Farias (1947-1972) foi aluno do curso de Química da UFC

A Universidade Federal do Ceará (UFC) realiza nesta sexta-feira, 16, solenidade de concessão do título de graduação post mortem para o ex-aluno Bergson Gurjão Farias, expulso da instituição em 1969 e assassinado pela ditadura militar em 1972. A homenagem, entregue 53 anos após a morte do estudante, ocorre às 17h30min na Reitoria da UFC.

O evento é aberto ao público e contará com a presença de familiares de Bergson, entre eles a irmã Ielnia Farias Johnson, 79, que mora hoje nos Estados Unidos. A data foi escolhida por ser véspera do aniversário do homenageado, que teve o título póstumo aprovado de forma unânime pelo Conselho Universitário da universidade em dezembro de 2024.

Aluno do curso de Química da UFC, Bergson foi liderança do movimento estudantil durante os anos 1960, atuando como vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e diretor do Centro Acadêmico dos Institutos de Ciências da instituição. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), acabou tendo a matrícula cassada pela atuação política.

Perseguido pela repressão do regime, acabou deslocado para a militância clandestina, sendo morto pelo Exército na Guerrilha do Araguaia na data provável de maio de 1972, aos 25 anos. Na época, o estudante foi dado como “desaparecido”, com o encontro dos restos mortais ocorrendo apenas nos anos 1990 na região do Araguaia, no Pará.

A família só conseguiu realizar um funeral digno para Bergson em 6 de outubro de 2009, com reconhecimento oficial feito via exame de DNA. Nesta data, os restos mortais do estudante foram transferidos de Brasília para Fortaleza em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), velado na Reitoria da UFC e sepultado, com honras de Estado, no Cemitério Parque da Paz, ao lado do pai dele.

Quatro meses após o sepultamento, em 21 de fevereiro de 2010, a mãe do estudante, Luíza, faleceu aos 95 anos. Irmã de Bergson, Ielnia Johnson celebra o ato simbólico de recebimento do título de graduação do irmão. “Bergson tinha aquele idealismo, uma consciência cívica muito grande. Quando ele desapareceu, depois que a gente soube da morte dele, foi aquela dor. Mas foi uma dor que a gente sabia que foi a escolha dele, que ele não fez nada disso sem pensar; era ele, a consciência dele”, descreve.

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