
Vertical é a coluna de notas e informações exclusivas do O POVO sobre Política, Economia e Cidades. É editada pelo jornalista Carlos Mazza
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O senador Cid Gomes (PSB) apresentou nesta terça-feira, 1º, projeto de lei aumentando de seis meses para quatro anos a “quarentena” exigida para que dirigentes do Banco Central (BC) possam voltar a trabalhar no mercado financeiro.
Nos últimos anos, Cid tem sido um dos maiores críticos da política monetária aplicada hoje pelo BC, especialmente após o Congresso aprovar lei garantindo autonomia para o banco, com mandatos fixos de quatro anos para diretores. “O que se vendeu como autonomia revelou-se uma transferência de poder sem os devidos freios e contrapesos”, diz Cid.
“O Banco Central pode até ser, formalmente, independente do governo. Mas é, na prática, profundamente dependente do mercado financeiro. E essa dependência não é retórica”, continua o senador. Neste sentido, ele destaca caso de Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC que assumiu nesta terça-feira – seis meses após deixar o banco – cargo de vice-presidente e chefe-global de políticas públicas do Nubank.
“Não é coincidência que, ao final de seu mandato, o presidente do Banco Central, responsável por conduzir a política de juros mais restritiva do planeta, tenha sido contratado por uma das maiores instituições financeiras privadas do país. Isso não é coincidência institucional, é confluência de interesses”, afirma Cid.
Para o senador, a indicação é “confirmação” de que o BC passou a se balizar não pelo interesse público, mas sim pelo interesse do sistema financeiro. “O que são seis meses para alguém que, em nome do interesse público, traçou a linha entre o que o setor financeiro poderia ou não lucrar — e que, ao fim, é acolhido por esse mesmo setor com salários fixos de centenas de milhares de reais e bônus que, historicamente, superam em muitas vezes esse valor?”, questionou Cid Gomes.
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