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Nova diretora de teatros municipais admite carências, mas promete resposta
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Nova diretora de teatros municipais admite carências, mas promete resposta

Silvia Moura atribui falta de programação e orçamento próprios de equipamentos a "desinteresse político e financeiro" de gestões passadas; ela promete aproximar classe artística dos espaço
FORTALEZA, CEARÁ,  BRASIL-09.06..2025: O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, ao lado do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; assina a adesão de Fortaleza ao Programa Acredita no Primeiro Passo, no Teatro São José (Rua Rufino de Alencar, 299-327 - Centro)  (Daniel Galber/Especial para O POVO (Foto: Daniel Galber - Especial para O Povo)
Foto: Daniel Galber - Especial para O Povo FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL-09.06..2025: O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, ao lado do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; assina a adesão de Fortaleza ao Programa Acredita no Primeiro Passo, no Teatro São José (Rua Rufino de Alencar, 299-327 - Centro) (Daniel Galber/Especial para O POVO

Recém-empossada como diretora dos teatros municipais São José e Antonieta Noronha, a artista cearense Silvia Moura admite hoje uma série de carências para o funcionamento pleno dos equipamentos, como falta de programação e orçamento próprios, estrutura e equipes. No comando das unidades desde o início de agosto, ela promete, no entanto, dar nova vida aos espaços e garantir resposta rápida a essas demandas.

Um dos primeiros equipamentos culturais de Fortaleza, o Teatro São José foi construído ainda em 1915, sendo reinaugurado em 2018 após grande reforma da gestão Roberto Cláudio (PDT). Apesar da obra física, o equipamento até hoje não recebeu orçamento próprio ou programação permanente de ocupação do espaço, sendo utilizado na prática mais como um “salão de eventos” da Prefeitura de Fortaleza, com eventos isolados.

“O meu maior objetivo é colocar o teatro para funcionar plenamente”, afirma Silvia, que atribui a falta de autonomia dos equipamentos a “desinteresse político e financeiro” por parte de gestões passadas. Neste sentido, ela afirma que iniciará o “resgate” com uma escuta de trabalhadores da cultura, de olho em mapear a demanda dos equipamentos.

“Estamos começando a pensar sobre como será essa gestão. Eu vou chamar a classe artística, as várias linguagens, os produtores, os técnicos, para a gente conversar, ouvir as pessoas e principalmente nesse momento”, ressalta.


Reestruturação de teatros municipais

Entre outros problemas, os teatros estariam hoje sem iluminação, som e climatização adequadas. “O prefeito já nos prometeu, para a secretária (Helena Barbosa) e para mim, que se esforçará para equipar o teatro, para resolver a questão do ar-condicionado, da climatização, que é muito importante”, afirma a diretora. “O Antonieta não tem equipe, nenhum funcionário, e o São José teve equipe desfalcada na gestão passada”, continua.

Todas essas situações, destaca Moura, já estariam “no radar” da Secretária da Cultura de Fortaleza (Secultfor) e do prefeito Evandro Leitão. Sobre a falta de orçamento próprio para os teatros municipais, a diretora afirma que a questão já é estudada pela Secultfor e que a expectativa é de que essa e outras demandas sejam sanadas até o próximo ano.

Questionada sobre o tema, a titular da Secultfor, Helena Barbosa, reconheceu a fragilidade histórica dos espaços, mas afirma que “os últimos sete meses dessa gestão têm sido dedicados à reconstrução das políticas culturais”. Neste sentido, ela afirma que a pasta tem trabalhado pela revitalização de diversos espaços culturais, incluindo os teatros municipais.

Neste sentido, a pasta aponta que a indicação de Silvia Moura integra um “movimento mais amplo de fortalecimento e estruturação da rede de equipamentos culturais de Fortaleza”. Sobre as atividades futuras, a Secultfor informa: “as ações e os formatos para a seleção de uso regular dos teatros estão em fase de estudo e serão anunciados em breve”.

Mesmo em fase de estudo, a secretária reforça a agenda de atividades já existente. O São José vem recebendo eventos como a seleção da Corte Momina de Fortaleza, o Festidown e o Festival Bora. Já o Antonieta Noronha já iniciou atividades pontuais após revitalização. Sobre as críticas de parte do setor cultural à falta de programação permanente e ao uso dos espaços para eventos institucionais, a secretaria afirmou ser “pertinentes e originadas a partir de um histórico de extrema fragilidade e falta de investimentos”.

Novo perfil

Bailarina, coreógrafa e atriz, Silvia Moura tem atividade destacada nas artes cênicas do Ceará desde os anos 1970. Além da atuação nos palcos, a artista também manteve presença no debate político da Cultura, integrando ao longo dos anos diversos movimentos que reivindicaram melhoria nas políticas públicas do setor.

Em 2012, por exemplo, ela foi uma das coordenadoras de movimento de artistas que questionou a baixa execução do orçamento da Cultura pela gestão do então governador Cid Gomes (PSB). Na época, manifestantes chegaram a se “acorrentar” em protesto na sede da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), em confronto com o então secretário Francisco Pinheiro (PT) que teve grande repercussão no meio.

Até por essa “bagagem”, indicação de Silvia Moura vem sendo recebida com expectativas altas entre articuladores da cultura de Fortaleza. “Ela é aquele tipo de indicação que, se sentir que a coisa não vai andar, dificilmente vai ficar calada”, avalia uma fonte da coluna.

Em sentido parecido, a diretora diz ter “interesse pessoal e profissional” no funcionamento dos equipamentos. “É de total interesse meu, como artista, como cidadã de Fortaleza, que os dois teatros funcionem bem”, diz.

“Eu queria dizer para as todas as pessoas da cidade, aos artistas, aos produtores, aos técnicos e ao público que estamos aqui e queremos o melhor para esse teatro. Nossa equipe pequena vai fazer o possível para trabalhar com o que temos, mas sempre buscando ampliar e melhorar e tornar viável para esse teatro estar em funcionamento”, conclui a gestora.

por Carlos Mazza e Camila Maia - Especial para O POVO

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