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Polícia investiga "despejo de agrotóxicos" sobre famílias de Quixeré
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Polícia investiga "despejo de agrotóxicos" sobre famílias de Quixeré

Segundo relatos, contaminações ocorrem há vários meses, tendo inclusive provocado a hospitalização de uma criança; deputado denuncia ‘jagunçagem química’
Resíduos de agrotóxicos foram identificados por moradores até nos telhados de casas da região (Foto: Leitor/Via WhatsApp)
Foto: Leitor/Via WhatsApp Resíduos de agrotóxicos foram identificados por moradores até nos telhados de casas da região

Famílias de um distrito de Quixeré, na região do Vale do Jaguaribe, denunciaram nesta semana terem sido alvos de uma série de exposições a agrotóxicos dentro de suas comunidades. Após Boletim de Ocorrência registrado pelos moradores, a Polícia Civil do Ceará abriu investigação para apurar ocorrência de crime ambiental no caso.

A denúncia do caso foi levantada nas redes sociais pelo deputado Renato Roseno (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alece. Procurado pela Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, o deputado cobra apuração para avaliar tanto a autoria do possível crime como e se o despejo do veneno estaria sendo feito por via aérea.

Segundo o relato das famílias, as contaminações acontecem há vários meses, tendo inclusive provocado a hospitalização de uma criança da região. O primeiro caso teria acontecido em 27 de julho, quando agrotóxicos foram espalhados entre duas lombadas de uma estrada local, o que deixou forte cheiro na área e a intoxicação de crianças. Mesmo com reclamações, a limpeza da região ainda levou quase uma semana.

O despejo voltou a acontecer na última terça-feira, 19, dessa vez atingindo diretamente a residência de uma família, com despejo de veneno sobre o telhado, o piso da área de serviço, uma casa de criação de abelhas e até objetos pessoais da família, como brinquedos, roupas e recipientes para armazenamento de água. Mais uma vez, o incidente provocou forte cheiro na área e a intoxicação de parte das famílias.

Deputado denuncia “jagunçagem química”

Em vídeos dos moradores, é possível ver manchas e acúmulos de poeira de agrotóxicos em estradas, quintais e até dentro de uma casa. “O despejo de agrotóxicos sobre comunidades, residências e culturas como forma agressão e violência nos conflitos no campo já vem sendo registrada há alguns anos no Brasil. Agora chegou no Ceará”, denuncia Roseno.

“A isso se chama de ‘jagunçagem química’. Por isso, somos contrários à desregulação dos agrotóxicos e à liberação de equipamentos que facilitam sua utilização como armas químicas. Nesse caso de Quixeré, tanto há indício de crime ambiental como um possível homicídio tentado com dolo, pois se sabe que despejar agrotóxicos na casa de alguém pode gerar morte”, continua o deputado.

No final do ano passado, Roseno já denunciava práticas semelhantes registradas nos últimos anos em outros estados do Nordeste, como o Maranhão. Na época, a Assembleia Legislativa votava projeto que liberou a pulverização de agrotóxicos por drones no Ceará.

Polícia e Pefoce investigam

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará(SSPDS-CE) afirma que “investiga uma suposta ocorrência de crime ambiental registrada, nessa terça-feira (19), na zona rural do município de Quixeré - Área Integrada de Segurança 18 (AIS 18) do Estado. Um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na Delegacia de Quixeré e uma perícia já foi feita no local. As investigações estão a cargo da Delegacia de Quixeré, unidade que realiza oitivas e diligências com o intuito de solucionar o caso”, diz a pasta.

Uma equipe da Polícia Forense do Ceará (Pefoce) também realizou uma perícia no local. A partir dos resultados, que devem sair em cerca de dez dias, será possível identificar quais os agrotóxicos envolvidos nos incidentes e possíveis indícios da autoria dos despejos. (Carlos Mazza e Camila Maia - Especial para O POVO)

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