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Pesquisadores criticam edital de bolsas do CNPq e alertam para "apagão" na ciência
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Pesquisadores criticam edital de bolsas do CNPq e alertam para "apagão" na ciência

Cientistas criticam a aprovação de apenas 667 bolsas de Pós-Doutorado Júnior; relatos incluem projetos muito bem avaliados que não foram contemplados
CNPq reajusta bolsas de tecnologia da informação e comunicação (Foto: )
Foto: CNPq reajusta bolsas de tecnologia da informação e comunicação

Pesquisadores de diversos campos de conhecimento procuram a coluna desde a terça-feira da semana passada, 7, com críticas sobre o resultado da última chamada de bolsas de pós-graduação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Entre eles, é criticada especialmente a aprovação de apenas 667 propostas de Pós-Doutorado Júnior (PDJ), segmento destinado a doutores recém-formados, em todo o País. Neste sentido, a coluna teve acesso a diversos relatos de pesquisas que foram muito bem avaliadas no processo do CNPq, mas ainda assim não foram contempladas.

A análise crítica do resultado é referendada tanto pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) quanto pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Em notas, as instituições alertam para risco de "apagão científico" e cobram recomposição emergencial de bolsas.

“Conforme dados informados pelo CNPq relacionados ao resultado preliminar divulgado em 7/10/2025, apenas 10,58% da demanda será atendida O quadro torna-se ainda mais grave ao considerarmos que a demanda bruta neste edital foi 17% superior à da chamada do ano anterior, enquanto os recursos disponíveis permaneceram os mesmos em ambos os editais”, dizem a SBPC e a ABC.

“Esses números evidenciam um descompasso preocupante entre o número de doutores formados anualmente pelo nosso sistema de pós-graduação e as possibilidades de permanência desses jovens doutores no sistema de geração de conhecimento — especialmente diante das deficiências nas políticas de contratação, tanto no setor público quanto no privado”, continuam os órgãos.

Presidente da ANPG, o doutorando em Saúde Pública Vinícius Soares avalia que o problema decorre de diversas restrições orçamentárias aplicadas à Ciência e Tecnologia nos últimos anos. “Foi a área que mais sofreu cortes nos governos Temer e Bolsonaro. Nos últimos anos, houve uma recuperação, mas muito aquém do que seria necessário”, diz.

Neste sentido, Vinícius destaca desde limitações de despesas previstas no arcabouço fiscal, regra que substituiu o teto de gastos e que "trava" gastos de olho em evitar o endividamento público, como cortes promovidos pelo Congresso Nacional na área. “No último orçamento, o Congresso cortou R$ 79 milhões que iriam para o CNPq para ir para a questão das emendas. Então é claro que iria gerar um problema”, afirma.

Nesse sentido, ANPG, SBPC e ABC têm defendido manifestações em Brasília de olho em pressionar o Governo Federal por uma recomposição no orçamento do setor. “Essa situação tende a se agravar no próximo ano, diante da previsão de recursos ainda mais limitados para o CNPq”, destacam as entidades.

A coluna procurou o CNPq sobre o caso, mas não recebeu retorno até o presente momento.

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