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Em plebiscito, Chile decide mudar Constituição da época da ditadura militar
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Vitor Magalhães é jornalista do O POVO e escreve sobre política e mundo. É criador do Latinoscópio, projeto jornalístico que reúne diariamente informação, notícias, opinioes e curiosidades sobre os 20 países da América Latina

Vitor Magalhães internacional

Em plebiscito, Chile decide mudar Constituição da época da ditadura militar

Sim venceu com quase 80% dos votos de quem compareceu; chilenos devem voltar às urnas no ano que vem para eleger membros do grupo que vai redigir nova Carta Magna
Em Santiago, manifestantes comemoram resultado de plebiscito realizado em 25 de outubro de 2020 que determinou formulação de nova Constituição no Chile. (Foto: Pedro Ugarte / AFP)
Foto: Pedro Ugarte / AFP Em Santiago, manifestantes comemoram resultado de plebiscito realizado em 25 de outubro de 2020 que determinou formulação de nova Constituição no Chile.

O Chile decidiu, neste domingo, 25 de outubro, iniciar processo histórico que deverá enterrar a atual Constituição do país, datada da época da ditadura militar comandada pelo general Augusto Pinochet (1973-1990), e iniciar processo para formular uma nova Carta Magna na tentativa de solucionar problemas estruturais que motivaram revolta social no país há um ano.

Cerca de 14,8 milhões de chilenos estavam aptos a ir às urnas hoje para responder a duas perguntas: "Você quer uma nova Constituição?" e "Que tipo de órgão deve redigir a Nova Constituição?". Com 98,05% de apuração, às 23h35 deste domingo, 78,21% dos chilenos que compareceram optaram pelo “Aprovo” ao primeiro questionamento.

Destes, cerca de 79% votaram pela criação de um órgão constituinte, com representantes eleitos exclusivamente para a ocasião. A outra opção seria uma convenção mista (composta por parlamentares em exercício e cidadãos eleitos para a ocasião).

O comparecimento era a maior incógnita do pleito, já que pesquisas apontavam vitória confortável das opções que, de fato, venceram. No Chile, o voto não é obrigatório e o país registra altos índices de abstenção há alguns anos. Na eleição de 2017, quando o atual presidente Sebastián Piñera foi eleito, a abstenção ultrapassou os 50%. Neste domingo, o comparecimento foi de 50,21% (com 98,63 das urnas apuradas).

Os números apontam que este foi o maior processo eleitoral da história chilena desde a retomada da democracia em 1990. Uma clara resposta (leia-se um basta) à desigualdade provocada pelo sistema social e pela falta de estrutura em serviços básicos como saúde, previdência e até mesmo água (privatizada por lá). Cidadãos foram às ruas de Santiago, e de outras comunas e cidades do país, para festejar madrugada adentro.

Com o resultado de hoje, o Chile deve retornar às urnas em abril de 2021 para eleger aqueles que serão responsáveis por formular a nova Carta Magna. E no ano seguinte (sem data prevista) para votar se aceitam a futura Constituição proposta pelo grupo a ser eleito e que terá que respeitar critério da equidade de gênero; ou seja, igual número de homens e mulheres.

A votação é o início de um processo que necessita calma, experiência e tranquilidade. O primeiro (e grandioso) passo já foi dado, mas, na prática, ainda não significa que o país garantiu um novo texto constitucional.

De todo modo, venceu a democracia.

¡Viva Chile!

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