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Eleições municipais: entre o local e o nacional
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Doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atualmente professor e coordenador do Curso de Bacharelado em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde coordena, ainda, o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Partidos Políticos (GEPPOL). Em 2018, foi guest scholar no Kellogg Institute for International Studies da Universidade de Notre Dame

Eleições municipais: entre o local e o nacional

As eleições municipais não podem ser lidas somente a partir de variáveis puramente locais. Os partidos se movimentam e buscam se fortalecer para o pleito. Outros encaram o pleito como oportunidade de melhorem condições políticas para 2026
Vítor Sandes, Cientista político, professor adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI) (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Vítor Sandes, Cientista político, professor adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Em 2022, tivemos as eleições nacionais e, próximo ano, ocorrerão as eleições municipais. Diferentemente do pleito do ano passado, em que o eleitor foi instado a escolher uma série de cargos de natureza nacional e estadual, a disputa do próximo ano levará os eleitores a escolherem cargos estritamente locais: prefeitos e vereadores. Ou seja, os eleitores se atentarão aos problemas do município. Mas isso não quer dizer que não haverá elementos nacionais e estaduais nas disputas locais.

Desde as eleições de 2020, tem-se observado um movimento de enxugamento do sistema partidário, decorrente do fim das coligações eleitorais nas disputas proporcionais e, também, da cláusula de desempenho. Com isso, alguns partidos buscam se instrumentalizar considerando o pleito eleitoral do próximo ano.

Por exemplo, o PSD, liderado por Kassab, se tornou o partido com maior número de prefeitos, controlando 968 municípios, após uma série de migrações partidárias, segundo o levantamento do Portal 360, divulgado em 23 de novembro. Por outro lado, há o derretimento de partidos como o PSDB, que foi o partido que mais perdeu prefeitos, saindo de 531, após o pleito de 2020, para 344. Destaca-se, também, o Cidadania, que possui uma federação partidária com o PSDB e sofreu uma perda de 69 prefeitos: de 141 para 72. A derrota do PSDB na disputa para o Governo de São Paulo pode ajudar a explicar a dificuldade que o PSDB tem de se manter forte no nível local.

Outro partido que sofreu uma perda bastante importante foi o PDT, que reduziu o seu número de prefeitos de 318 para 258. Esse movimento reflete uma disputa interna dentro do partido. O PDT teve como candidato próprio à presidência da República, mas, atualmente, participa da coalizão de governo lulista, ocupando o ministério da Previdência Social. Além disso, há uma crise entre os irmãos Ferreira Gomes, que tem levado os prefeitos pedetistas do Ceará a buscarem outros partidos, visando as eleições municipais do próximo ano.

As eleições municipais, assim, não podem ser lidas somente a partir de variáveis puramente locais. Os partidos se movimentam e buscam se fortalecer para o pleito. Outros encaram o pleito como uma oportunidade de melhorem suas condições políticas para as eleições de 2026. Aos eleitores, cabe avaliar e votar, considerando a sua realidade local e sua conexão com as dinâmicas políticas estadual e nacional.

 

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