Doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atualmente professor e coordenador do Curso de Bacharelado em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde coordena, ainda, o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Partidos Políticos (GEPPOL). Em 2018, foi guest scholar no Kellogg Institute for International Studies da Universidade de Notre Dame
A aprovação do presidente Lula também cresceu e chegou a 51,2%, contra 48,1% de desaprovação. Não é uma situação confortável, mas representa uma melhora em relação à tendência que vinha se apresentando até o primeiro semestre deste ano
Em fevereiro, escrevi aqui no O POVO que o governo Lula atravessava seu pior momento desde o início do terceiro mandato. Naquele momento, o Datafolha revelava um quadro preocupante para o governo: apenas 24% dos brasileiros avaliavam a gestão como ótima ou boa, enquanto 41% a consideravam ruim ou péssima.
A combinação de alta inflação dos alimentos e uma comunicação ineficaz impactavam negativamente sobre a imagem de um governo que apresentava problemas em concretizar sua agenda de governo e, ao mesmo tempo, em se comunicar com a população. Em janeiro, o presidente nomeou Sidônio Palmeira para a Secretaria de Comunicação como uma tentativa de reorganizar a narrativa oficial, principalmente após a "crise do PIX". O desafio era duplo: entregar mais e comunicar melhor, ajustando o discurso às ações.
De lá para cá, o cenário mudou. Pesquisas recentes demonstram uma recuperação da avaliação positiva do governo Lula. Levantamento da AtlasIntel, divulgado em 24 de outubro, mostra que 48% dos brasileiros avaliam o governo como ótimo ou bom, superando, pela primeira vez em quase um ano, o índice negativo, que ficou em 47,2%.
Já a aprovação do presidente Lula também cresceu e chegou a 51,2%, contra 48,1% de desaprovação. Não é uma situação confortável, mas representa uma melhora em relação à tendência que vinha se apresentando até o primeiro semestre deste ano.
Essa melhora coincide com a queda dos preços de alimentos e bebidas e com o avanço de pautas centrais da agenda econômica, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a adoção de medidas de impacto direto no orçamento das famílias, a exemplo dos descontos na conta de luz.
Entre os fatores importantes para essa recuperação, o chamado "tarifaço" imposto por Donald Trump, em julho de 2025, tornou-se um verdadeiro divisor de águas político para Lula. Ao reagir com firmeza às novas tarifas impostas sobre produtos brasileiros, o presidente adotou um discurso de defesa da soberania nacional que teve ampla adesão entre o público interno.
Nas últimas semanas, o governo intensificou o diálogo diplomático, culminando no encontro entre Lula e Trump, realizado no dia 26, na Malásia, marcando a reaproximação entre os chefes de governo e a busca pela redução das tarifas impostas ao Brasil pelos EUA.
Essa combinação de entregas econômicas, reposicionamento da comunicação e condução do conflito comercial com os Estados Unidos tem contribuído gradualmente para a recuperação da popularidade do governo em 2025. Ainda assim, política é como nuvem: pode mudar de forma rapidamente. Por isso, o desafio para Lula é ampliar as entregas para a população, para consolidar a credibilidade do seu governo e pavimentar o caminho para 2026.
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