Doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atualmente professor e coordenador do Curso de Bacharelado em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde coordena, ainda, o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Partidos Políticos (GEPPOL). Em 2018, foi guest scholar no Kellogg Institute for International Studies da Universidade de Notre Dame
Messias também conta com o apoio da ala petista mais próxima ao presidente. Além disso, é evangélico, o que é visto como um aceno a um segmento social onde Lula enfrenta resistência
Desde que Luís Roberto Barroso anunciou sua aposentadoria antecipada do Supremo Tribunal Federal (STF), a preferência de Lula já recaía sobre Jorge Messias, considerado como um nome de extrema confiança para o presidente. Messias é procurador da Fazenda Nacional e, atualmente, ocupa o comando da Advocacia-Geral da União, responsável pela defesa jurídica do governo. Messias também conta com o apoio da ala petista mais próxima ao presidente. Além disso, é evangélico, o que é visto como um aceno a um segmento social onde Lula enfrenta resistência.
No atual mandato, o presidente já indicou Cristiano Zanin e Flávio Dino ao STF, ambos, figuras de confiança de Lula. A escolha de Messias mantém essa linha de nomeações, mesmo sob pressão para ampliar a diversidade na Corte, incluindo a possibilidade de indicar uma mulher ou uma pessoa negra.
Paralelamente, Lula precisou administrar pressões dentro da sua base de apoio não petista. Davi Alcolumbre (União-AP) vinha defendendo a indicação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que já esteve à frente da Casa. O presidente, porém, prefere manter Pacheco no jogo eleitoral de 2026 como potencial candidato ao governo de Minas Gerais, um dos estados do país mais estratégicos eleitoralmente.
A escolha por Messias, anunciada no dia 20, provocou ruídos na relação entre o Executivo e o Senado. Tem sido noticiado a possibilidade de "pautas-bomba" como forma de pressão política, além de resistências na própria Casa na aprovação do nome, que tem papel decisivo no processo, a começar pela sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Para tentar desarmar o conflito, Messias divulgou, no dia 24, uma carta dirigida a Alcolumbre na qual expressa respeito ao papel do Senado, reafirmando sua disposição ao escrutínio constitucional e buscando estabelecer um espaço de diálogo. Na carta, Messias afirma que "juntos, poderemos sempre aprofundar o diálogo e encontrar soluções institucionais que promovam a valorização da política". Isso visa aparar arestas e evitar que a disputa política comprometa sua aprovação pelo Senado.
Há também conflitos entre a Câmara dos Deputados e lideranças do PT, o que pode ameaçar votações importantes para o Planalto. Em meio ao debate orçamentário visando garantir a execução de políticas do governo em 2026 e da própria dinâmica já pré-eleitoral, o governo precisará lidar simultaneamente com tensões com o Senado, a Câmara e os líderes partidários.
Lula tem tratado as indicações ao STF como de sua prerrogativa exclusiva, reduzindo o espaço para pressões externas. Com isso, é preciso administrar tensões com as lideranças do Senado, conter pautas-bomba e preservar a estabilidade necessária nas relações com o Congresso visando o êxito eleitoral em 2026.
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