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A IA ganhou um corpo. Agora ela anda, observa, decide e age no mundo real
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Vladimir Nunan é CEO da Eduvem, uma startup premiada com mais de 20 reconhecimentos nacionais e internacionais. Fora do mundo corporativo, é um apaixonado por esportes e desafios, dedicando-se ao triatlo e à busca contínua pela superação. Nesta coluna, escreve sobre tecnologia e suas diversidades

Vladimir Nunan tecnologia

A IA ganhou um corpo. Agora ela anda, observa, decide e age no mundo real

Physical AI: a inteligência artificial que ganha corpo e transforma o mundo real
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Os avanços da IA (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Os avanços da IA

A maioria das pessoas conhece inteligência artificial (IA) apenas pelo que aparece nas telas. ChatGPT, Gemini, Midjourney, Sora. Ferramentas que escrevem textos, geram imagens, criam vídeos e sintetizam informações. Tudo acontece no ambiente digital, dentro do computador ou do celular.

Mas existe uma nova geração de IA surgindo, muito mais poderosa e muito mais transformadora. Uma IA que não fica presa na tela, que não vive só de dados, e que não existe apenas como texto ou imagem. Ela se move. Ela toma decisões no mundo real. Ela enxerga, escuta, sente e age. Essa nova etapa da inteligência artificial se chama Physical AI.

É a primeira IA que realmente tem “corpo”. É a primeira IA que sai do virtual e entra no físico. É a primeira IA que pode transformar tarefas reais, ambientes reais e problemas reais. A pergunta importante não é quando isso vai chegar. É perceber que isso já começou.

O que é Physical AI

A Physical AI é um tipo de inteligência artificial projetada para interagir diretamente com o mundo físico.
Assim como nós, ela:

  • percebe o ambiente,
  • interpreta estímulos,
  • toma decisões,
  • e age com movimento.

Ela faz isso usando sensores, câmeras, microfones, radares, LIDAR e diversos tipos de atuadores, como motores e braços robóticos. A IA generativa responde com palavras. A Physical AI responde com ações. Enquanto o ChatGPT entende o texto e devolve texto, a Physical AI entende o mundo e devolve movimento. É a inteligência que está dentro:

  • de robôs,
  • de drones,
  • de carros autônomos,
  • de máquinas industriais,
  • de robôs domésticos,
  • de dispositivos de saúde,
  • de sistemas de agricultura,
  • e de qualquer agente que age no ambiente real.

Essa é a diferença fundamental: a IA generativa conversa, a Physical AI age e a IA com corpo. Uma das bases científicas mais importantes da Physical AI é o conceito de embodiment. Essa palavra significa que a inteligência não existe separada do corpo. O corpo influencia a inteligência. É a partir dele que se percebe o mundo e se aprende. Por isso, a Physical AI precisa:

  • enxergar o mundo real,
  • entender profundidade,
  • sentir movimento,
  • avaliar peso e textura,
  • se adaptar ao que vê,
  • agir com precisão,
  • e aprender com erros físicos.

A IA generativa aprende palavras. A Physical AI aprende consequências.

A diferença entre Physical AI e IA generativa

De forma simples:

  • A IA generativa trabalha no mundo digital.
  • A Physical AI trabalha no mundo real.
  • A IA generativa recebe texto, imagem ou áudio e devolve algo parecido.
  • A Physical AI recebe o ambiente físico e devolve ação física.
  • A IA generativa vive em um mundo estável, onde tudo já está nos dados.
  • A Physical AI vive em um mundo imprevisível, cheio de surpresas, variações, ruídos e imprevistos.
  • A IA generativa pode errar e tudo bem.
  • A Physical AI não pode errar, porque o erro pode machucar alguém.
  • A IA generativa só precisa de um teclado.
  • A Physical AI precisa de sensores, sensores e mais sensores.
  • A IA generativa é ótima para conhecimentos teóricos.

Mas tem uma limitação enorme: ler não é fazer. Se você der para uma IA generativa todos os livros de medicina do mundo, ela nunca será um cardiologista. Se você der todos os livros de arquitetura, ela nunca construirá uma casa. Se você der todos os livros de montanhismo, ela nunca subirá uma montanha.
A Physical AI é a primeira tentativa de criar uma IA que faz, e não apenas fala.

Exemplos que qualquer pessoa entende

Imagine uma cena simples: Você está em casa e um robô passa, recolhe uma meia caída, dobra a camiseta no sofá e coloca um copo na pia. Esse robô precisa distinguir o que é rígido e o que é frágil, o que é lixo e o que é objeto valioso, o que é vivo e o que é coisa. Isso é Physical AI. Agora pense em um drone que entrega pacotes sozinho. Ele precisa:

  • reconhecer pessoas,
  • evitar postes,
  • perceber vento,
  • ajustar altitude,
  • interpretar sombras,
  • e decidir rotas.

Isso também é Physical AI. Ou imagine um braço robótico que aprende a dobrar uma camiseta macia. A camiseta é maleável, imprevisível, escorrega, amassa, dobra errado. Ensinar uma máquina a lidar com tecido parece simples, mas é um desafio científico gigantesco. Esse braço robótico aprende fisicamente, não apenas lendo. Essa é a essência da Physical AI.

A base científica da Physical AI

A Physical AI só se tornou possível agora porque três pilares tecnológicos amadureceram ao mesmo tempo. Primeiro, sensores inteligentes: câmeras profundas, radares, infravermelho, sensores táteis e LIDAR ficaram mais baratos e mais precisos.

Segundo, modelos que aprendem ação física: são redes neurais treinadas para prever movimento, impacto, atrito, gravidade, colisão, velocidade.

Terceiro, simulações hiperrealistas: robôs treinam milhões de vezes em ambientes virtuais antes de tocar um objeto real.

Isso acelera aprendizado e reduz riscos. Esses três avanços abriram a porta para uma nova geração de máquinas que interagem com o mundo real de forma adaptativa.

Curiosidades impressionantes

Pesquisadores criaram robôs que aprendem habilidades observando vídeos do YouTube. Eles veem alguém arrumando uma mesa e conseguem copiar os movimentos depois. Drones treinados com redes neurais líquidas conseguem voar sem mapas, improvisando rotas como um pássaro faria.

Eles se adaptam à luz, vento, altitude e obstáculos imprevistos. Robôs com sensores táteis artificiais começam a desenvolver uma espécie de “tato mecânico”. Eles identificam textura, temperatura e até maciez. Isso é Physical AI em ação.

O impacto da Physical AI no mundo real

A Physical AI vai transformar praticamente tudo ao redor:

  • Na sua casa, robôs que limpam, organizam, identificam riscos e ajudam idosos.
  • No trabalho, ambientes com robôs que sabem colaborar com humanos sem ficarem presos a rotas pré-programadas.
  • Na saúde, máquinas que apoiam fisioterapia, ajudam a reabilitação e acompanham pacientes.
  • Nas ruas, carros autônomos, drones que fazem entregas e dispositivos que atuam na segurança pública.
  • Na agricultura, robôs que cuidam do solo, colhem frutas delicadas e detectam pragas antes de serem visíveis a olho nu.
  • Na indústria, máquinas que aprendem tarefas novas apenas observando trabalhadores humanos.
  • O salto da IA generativa para a Physical AI é tão grande quanto o salto dos computadores de mesa para os smartphones.

Desafios importantes

Como toda tecnologia poderosa, a Physical AI traz riscos. O primeiro desafio é a segurança. Uma máquina que se move e toma decisões físicas precisa evitar acidentes. O segundo é a responsabilidade. Se um robô derruba algo ou causa um dano, quem responde?

O terceiro é o impacto social sobre empregos, profissões e formação de novas habilidades. O quarto é a ética. Como garantir que uma IA que age no mundo entenda limites, normas sociais e valores humanos?
Esses desafios mostram que a Physical AI precisa de regulação, educação e maturidade.

O que você precisa saber, mesmo sendo leigo

A Physical AI não é ficção científica. Ela não está distante. Ela já está aqui. A diferença fundamental é que a IA generativa gera ideias e a Physical AI gera impacto físico. Isso vai afetar casas, empresas, governos e o cotidiano. Entender isso agora ajuda a não ser surpreendido amanhã.

Conclusão: a IA está saindo da tela

A IA generativa foi o primeiro passo. Mas a Physical AI é o salto seguinte. Quando a IA ganha corpo, o mundo muda. E muda rápido.

Robôs que organizam sua casa, carros que dirigem sozinhos, drones que entregam compras, máquinas que ajudam idosos, sistemas que cuidam da saúde e dispositivos que entendem ambiente e ação.
Essa é a era que está começando agora.

E a pergunta importante é simples: você está preparado para viver em um mundo onde a IA não apenas pensa, mas também atua?

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