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Sexualidade e autoestima
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Zenilce Vieira Bruno é psicoterapeuta de adolescente, adulto e casal, especialista em educação sexual e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Escritora, é autora dos livros

Zenilce Bruno comportamento

Sexualidade e autoestima

O aumento de peso, as espinhas, as rugas, o tamanho dos seios, a barriga condenável, transformam o seu estar no mundo num infeliz e constante sentimento de inadequação, rejeição e solidão
Oscar 2025: cena de 'A Substância'. Saiba curiosidades sobre o filme (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Oscar 2025: cena de 'A Substância'. Saiba curiosidades sobre o filme

Estamos ainda aprisionados aos rígidos padrões estéticos e isso reflete diretamente no exercício da sexualidade, que é modulado pela experimentação corporal e sentimento de estima, a possibilidade de ser ou não admirado(a), amado(a), capaz de buscar satisfação com a integração de corpo e mente. Há pessoas que "construíram" o reconhecimento de sua estima só pelo desempenho estético, o que é mais comum nas mulheres, já que muitas ainda aprendem a usar o corpo como mecanismo de sedução.

É por estar nessa constante cobrança corporal que frequentemente a autoestima é tomada de assalto. O aumento de peso, as espinhas, as rugas, o tamanho dos seios, a barriga condenável, transformam o seu estar no mundo num infeliz e constante sentimento de inadequação, rejeição e solidão.

O filme "A substância" com a atuação de Demi Moore e a narrativa provocativa, tem gerado discussões sobre a percepção da beleza e a pressão social enfrentada por muitas pessoas relacionada a juventude, explorando a crise de meia-idade enfrentada pela protagonista.

Após ser demitida aos 50 anos, ela participa de um experimento para recuperar a juventude, mas a coexistência entre sua versão jovem e velha gera conflito e desintegração. Ela permanece presa à persona e à ilusão de perfeição, culminando em um estado de fragmentação psíquica, nos fazendo refletir os desafios contemporâneos da beleza e envelhecimento.

A exigência constante em corresponder aos padrões estéticos sociais tem transformado pessoas em sintomas: paranoia, ansiedade, fobia, bulimia, anorexia. A sexualidade também adoece: um anoréxico e um deprimido têm inibição de desejo, o bulímico e o ansioso não conseguem criar vínculos estáveis; o paranoico tem constante medo de ser traído.

A baixa estima que persiste no modo de viver e de se relacionar, tem profunda ligação com esta valorização da beleza e poder. É óbvio, que todos estamos sujeitos à queda de estima diante de situações que envolvem prejuízo na consciência que temos de nossa imagem corporal.

Uma doença, uma perda; é quase impossível reagir positivamente a essas situações reais e difíceis. Espera-se que qualquer pessoa possa sentir-se "inadequada" em determinado momento e que este sentimento incida sobre o comportamento, provocando também disfunções sexuais.

As relações amorosas também são moduladas pela autoestima. Há virtudes, sentimentos e traços de caráter que devem ser reforçados nas pessoas desde sua pouca idade, para que possam desenvolver todas as suas referências. Assim, quando estivermos com alguns quilos a mais, isso não atingirá tão forte a nossa autoestima. Teremos como combater a frustração legitimando outros aspectos que identificamos como importantes para nós e para o grupo que nos rodeia: inteligência, determinação, perspicácia, criatividade, bondade, capacidade de criar elos, de ser leal e muitos outros.

Como diz Ana Canosa, "Não há como conseguir exterminar o fantasma da rejeição de quem tem uma autoestima abalada por medo de celulite". Acredito que não há lipoaspiração melhor do que aquela que retira o excesso de preconceito, de superficialidade e das exigências cruéis.

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