Zenilce Vieira Bruno é psicoterapeuta de adolescente, adulto e casal, especialista em educação sexual e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Escritora, é autora dos livros
Zenilce Vieira Bruno é psicoterapeuta de adolescente, adulto e casal, especialista em educação sexual e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Escritora, é autora dos livros
Quem acompanha meus artigos no Jornal O POVO, sabe que costumo escrever sobre o amor, mas infelizmente hoje estou escrevendo sobre o desamor. Não posso negar a minha angústia com o que vem acontecendo em nosso país nos últimos tempos.
Como a grande maioria, o meu olhar desviou para o que mais me impressionou: a violência! Somos seres naturalmente agressivos e é como seres de cultura que nos controlamos. Em "O Mal Estar na Civilização", Freud refere que está em todo ser humano tanto uma pulsão de vida, que é construtiva, como uma pulsão de morte, que é destrutiva.
Ele considera que, se a esta nos entregarmos, poderemos ser capazes de destruir a própria civilização que a tanto custo construímos. Por aí podemos compreender, que é função da cultura, educar os cidadãos quanto ao controle de seus impulsos, o que tornará possível a construção do bem estar.
É dever do estado proteger seus filhos. Tais medidas visam o ato cometido ou a sua evitação. Contudo, não depende só do estado o controle da violência. Faz-se necessário que outros tipos de ações e intervenções pessoais e sociais, corram em paralelo, mobilizando nas pessoas a sua humanidade. Faz-se urgente uma mudança de atitude na internalidade de cada pessoa.
O primeiro caminho de paz é pessoal, é construído por cada indivíduo em seu modo de estar no mundo. As normas, leis e limites postos são modos culturais de controle da pulsão destrutiva em nós. É dever do estado proporcionar condições básicas de sobrevivência e fontes de satisfação que sejam adequadas ao cidadão e à coletividade. Mas é função também do cidadão de cuidar de si e de sua pulsão agressiva. Quando não é possível dar conta desse controle sozinho, é importante pedir ajuda a família, amigos e profissionais.
Na cultura narcisista em que vivemos, onde "é proibido proibir", produzem-se sujeitos intolerantes, exigentes de um prazer sem limites e incapazes de suportar a mínima frustração. "A perversidade não provém de uma perturbação psíquica e sim de uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos", diz Hirigoyen. A sociedade, a família, os adultos compõem o grande espelho onde os jovens refletem suas condutas.
A violência na juventude é apenas um reflexo da violência social, somado à força das pulsões adolescentes e ao vazio de valores que desnutre a dimensão humana. O "primata agressivo" que existe em nós, traz em si a potencialidade do humano sensível, capaz de transformar a mais turva realidade. Precisamos urgentemente, de projetos que humanizem o homem. Se não cuidarmos de estancar o projeto violento do modo de viver que se instalou, o futuro da humanidade se fragilizará sob nossos olhares inertes.
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