Várias hipóteses são consideradas para a aparente neutralidade do PCC diante dos ataques. Um dos motivos apontados seria a permanência de membros da facção criminosa no Ceará, enquanto os faccionados do CV e da GDE, pelo envolvimento nos atentados, foram enviados para fora do Estado.
Conforme O POVO mostrou no último dia 12, de início, a Secretaria da Administração Penitenciária pretendia transferir do Ceará 60 líderes das três facções. Entretanto, apenas 39 foram removidos, sendo 21 do CV e 18 da GDE. A justificativa seria que o sistema prisional local conseguiria isolar e monitorar os cerca de 25 membros do PCC que seriam transferidos.
Além disso, por se tratar de uma facção transnacional, com membros espalhados por todas as unidades prisionais do País, o entendimento de parte das autoridades é que transferi-los não significaria "isolá-los".
"Essa política de isolamento de lideranças, mandando para fora, é uma política que o Estado está pensado em rever. A GDE é local. E, ao mandá-los para fora, pode-se abrir a possibilidade de transformá-la em facção nacional. É com um jogo de xadrez. Um movimento em falso pode ser fatal", ressalta uma das fontes ouvidas pelo O POVO.
Há ainda outra situação específica. Com uma hierarquia rígida, o ingresso do PCC na "guerra" dependeria da aprovação das "sintonias" da facção, mantidas no presídio de Presidente Venceslau, em São Paulo. Por fim, a facção, que utiliza a GDE como seu "braço armado", não teria efetivo suficiente nas ruas para manter um embate por tanto tempo.
"O PCC sempre teve uma visão empresarial. Visou o lucro. O que for de dor de cabeça, eles estão fora. Já o CV e a GDE são inconsequentes, violentas. Se o PCC entra na briga, tenta resolver o mais rápido possível, mesmo que use a força. Não passa muito tempo brigando e não mede, nem quer medir forças com o Estado. O PCC fica na retranca para não ter prejuízo", completou.