De geração em geração, a vontade de festejar é mesmo um ciclo que se transfere de pais para filhos, é como uma herança da vontade de fazer folia. No Passeio Público, a festa foi generosa e contou com tudo o que os pequenos foliões tinham direito: confete, serpentina, alegria e muita fantasia. Entre árvores centenárias e uma arquitetura que conta a história de décadas, o vigor de heroínas, príncipes, palhacinhos, entre outros personagens fizeram da manhã de ontem um diálogo com o tempo. Resguardadas as mudanças de gerações e as novas tecnologias, celebrar é coisa da natureza humana.
"Esse é o segundo ano que a gente vem, é um ambiente familiar, é gratuito e elas adoram", conta Larissa dos Santos, 28. Na manhã de ontem ela foi com a filha Laís Ivna, de 3 anos, ambas fantasiadas de Minnie. No local, as festas e brincadeiras foram comandadas pela banda Pacote de Biscoito que iniciou a apresentação às 9 horas.
De microfone nas mãos, roupa devidamente brilhante, Santiago Filho, de somente 3 aninhos foi habilidoso ao mostrar os passos de dança de Michael Jackson. O pai, Santiago Ribeiro, 35, diz que a família costuma frequentar o local e que o movimento nesse caso foi contrário. Os pais foram influenciados pelo filho. "Eu não gostava tanto de Carnaval, comecei a gostar quando comecei a trazer ele para a festa", conta Cassiana Lima, 34, mãe de Santiago.
"O que eu gosto mais são as brincadeiras, é muito divertido", conta Alice Maria Silva, de 7 anos. A pequena é presença confirmada na festa e sempre com fantasias diferentes. Neste domingo foi a vez de vestir uma palhacinha. A mãe, Michele Sousa, 36, conta que a proximidade de casa e a programação voltada para o público infantil é o que leva a família ao local. "Mas a Cidade tem carnaval para todo mundo, durante a manhã é a vez dela e eu também gosto muito do Bar da Mocinha", conta.
Foi mais ou menos com essa energia que a família inteira de Wilson Júnior de Oliveira, 36, foi em cortejo direto do Passeio Público para o tradicional bar do Raimundo dos Queijos. "O Carnaval é para a família toda, começamos cedo com as crianças e viemos todos para cá", conta. Ao lado dele, a esposa Josenilda Vieira, 36, e as crianças Ravi, 3, e Gabriela, 6, ainda com o pacote de confetes para dar continuidade à folia.
Esse foi o primeiro ano em que o tradicional bar no Centro se tornou um polo do Pré-Carnaval na Cidade. Na Travessa Crato brincantes puderam aproveitar a folia das bandas Farra DusBons e Batikun de Skina. "Há cinco anos fazemos esse Pré-Carnaval, por conta própria. Esse ano tivemos a felicidade de contar com o apoio da Prefeitura", conta Adriano Veras, filho de seu Raimundo, dono do bar.
Adriano avalia os resultados positivos. "Melhorou a estrutura, palco, som, os banheiros. Esperamos bastante gente, porque foi muito divulgado". Rodas de samba, forró pé de serra, brega, petiscos e cerveja gelada compõem o cenário do Polo dos Queijos.
Gilvan Paiva, titular da Secretaria da Cultura de Fortaleza, explica que a inclusão do polo no ciclo carnavalesco da Cidade é também um reconhecimento. "Vimos que precisávamos fazer um reconhecimento a esse espaço e ao seu Raimundo dos Queijos, que é uma memória viva do Centro", conclui.
Cliente cativa do bar, Márcia Clucas foi pega de surpresa. "Eu vim aqui só aproveitar o domingo e quando vi tinha um Carnaval, uma maravilha", diz. A professora conta que já preparou a fantasia deste ano: Frida Kahlo. "No ano passado vim de policial homenageando essa profissão que arrisca vida por nós e neste ano será a Frida, essa artista plástica que foi uma mulher a frente do seu tempo", diz. Conforme ela, o desejo para este ciclo carnavalesco é de muita paz, "porque não tem nada melhor que promover a paz fazendo festa".
(Colaborou Ivig Freitas)
Folia em Fortaleza
Outros blocos não oficiais animaram o fim de semana em Fortaleza na rua, em shoppings e restaurantes. Confira alguns: