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Um olhar para si mesmo
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Um olhar para si mesmo

| CONVIVÊNCIA | O conhecimento do diabetes e do próprio corpo se transforma em informação fundamental para seguir a vida da melhor forma possível
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Sherida Paz, enfermeira, professora da Universidade Estadual do Ceará, coach e digital influencer, convive com o diabetes há 23 anos. Descobriu a doença aos 13, durante as férias e um susto: "de repente", ela conta, sentiu náuseas, fraqueza, dor abdominal e entrou em coma diabética. "Eu não sabia muito o que (o diabetes) significava. Saí do hospital só sabendo que tinha que tomar uma injeção (insulina)", reconstitui. "Por muito tempo, quem aplicava a insulina era meu pai. Até eu ter coragem", apoiava-se.

No primeiro momento, Sherida encarou os fantasmas: ouvia que ficaria cega, que tomaria hemodiálise e, até a adolescência, se tornou "um pouco rebelde". Ao longo do tempo, ela soma, o tratamento "acompanhou minha maturidade da doença. A informação me deu mais segurança e empoderamento. Fui buscando tratamentos que me dessem mais qualidade de vida, saúde".

Para a endocrinologista Cristina Façanha, professora da Unichristus e coordenadora do ambulatório de diabetes e gravidez no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Estado do Ceará, "o empoderamento do paciente é o maior motivador (na adesão ao tratamento). Ele sabe o que vai fazer. Não é porque o médico disse, não é pelo medo. O conhecimento do paciente sobre si mesmo é o maior motivador".

A "educação para a doença", orienta a especialista, dá as chances de defesa. O tratamento é fundamental e já existem recursos que tornam a vida do diabético melhor, insiste a endocrinologista. "O recurso que não conseguimos foi educar para o diabetes", contrapõe. Só o conhecimento reverte os medos.

Assim, ao lado do pai, de nutricionistas, dos médicos, Sherida Paz mudou hábitos e adquiriu disciplina "para evitar complicações". Os fantasmas da infância desapareceram com o conhecimento de qualidade e as novas tecnologias de tratamento. Negações e limitações cederam lugar às possibilidades de viver o que há para viver. Ela afirma que não teve nenhuma complicação após o diagnóstico. "Eu me cuido mais, tenho mais atenção para mim mesma, para minha alimentação, meu exercício físico, minha saúde mental", espelha.

E, junto ao tempo de doença, Sherida une todas as possibilidades de si mesma. O diverso currículo profissional da enfermeira tem ainda um anexo: educadora em diabetes. A convivência com a doença "é difícil, mas é possível", ela vivencia ao mesmo tempo em que dissemina informações e experiências no Instagram: @sheridapaz. "Dá para conviver com o diabetes. Dá para realizar sonhos com o diabetes", segue.

A vida em equilíbrio

O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de países com o maior número de pessoas com diabetes mellitus, segundo a International Diabetes Federation (IDF). Já o número de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 coloca o País na terceira posição mundial. O alerta foi dado no 2º Workshop Influenciadores em Diabetes, promovido pela Associação de Diabetes Juvenil (ADJ, São Paulo), no último mês de junho.

O diabetes exige que os pacientes recebam insulina por toda a vida, equilibrando os altos e baixos da glicose no sangue e prevenindo complicações da doença. É um desafio que precisa ser vencido, a cada dia e tempo, com a ajuda de familiares e profissionais em redor. Para muitos pacientes, o diabetes ainda é uma pergunta atrás da outra.

O projeto Glica Melito se propõe a dar respostas sobre como conviver como tipo 1 da doença. É uma parceria entre o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a Novo Nordisk e o Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (Ipads). Além de cursos à distância, o projeto disponibiliza cinco vídeos que dialogam com os pacientes juvenis, a partir de temas como: autoestima, conhecendo as insulinas e os dispositivos de aplicação, alimentação saudável e a atividade física como aliada. Para saber mais e acessar a websérie: http://ipads.org.br/glicamelito/

Cuidados desde sempre

A endocrinologista Cristina Façanha indica cuidados para a prevenção do diabetes. "O problema é o estilo de vida que levamos hoje. Entramos numa roda-viva que apaga um incêndio por dia", considera. "Tomar consciência de que o corpo tem suas regras. E temos que ter o bom senso de cuidar da nossa casa, respeitar os nossos limites", completa:

O PROBLEMA não pode ser negligenciado. Exames periódicos permitem o diagnóstico precoce e o devido encaminhamento;

MÁ ALIMENTAÇÃO, obesidade, estresse, sedentarismo e até a falta de sono influenciam. Reveja os hábitos cotidianos;

POR ONDE COMEÇAR? A prevenção deveria ser "desde a gravidez". Ou desde sempre: a melhor prevenção são "cuidados normais" com a saúde.

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