Logo O POVO+
De volta ao Basquete Cearense, Alberto Bial fala sobre as dificuldade de retomada
Aguanambi-282

De volta ao Basquete Cearense, Alberto Bial fala sobre as dificuldade de retomada

Técnico retornou ao Carcará pouco mais de dois anos após a saída e reinicia o projeto após a NBB, principal liga de basquete do país, ter cancelado temporada em decorrência da pandemia.
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FORTALEZA, CE, BRASIL, 21-09-2017: Alberto Bial, técnico do clube Basquete Cearense. Revista Live Up. (Foto: Camila de Almeida/O POVO) (Foto: Camila de Almeida/O POVO)
Foto: Camila de Almeida/O POVO FORTALEZA, CE, BRASIL, 21-09-2017: Alberto Bial, técnico do clube Basquete Cearense. Revista Live Up. (Foto: Camila de Almeida/O POVO)

O Basquete Cearense passou por um 2020 difícil. Devido à pandemia do novo coronavírus, porém, a temporada do NBB foi encerrada e o Carcará pode reiniciar um projeto olhando para frente. O primeiro passo foi a volta do técnico Alberto Bial - ele comandou o time desde a fundação, em 2012, até 2018.

Aos 68 anos, o técnico já comandou o basquete de Fluminense-RJ, Botafogo-RJ e Vasco da Gama-RJ, sendo um dos idealizadores do Carcará.

Ao O POVO, Alberto Bial antecipa detalhes sobre a montagem do elenco e discute o impacto do novo coronavírus no basquete nacional.

O POVO: A atual situação de pandemia ameaça a retomada de planejamento junto ao clube?

Alberto Bial: Com essa situação, lógico que a gente tem que exercitar uma das maiores virtudes que o esporte ensina a todos nós, a adaptabilidade. Essa adaptabilidade veio com um novo planejamento; trabalhando de forma coesa eu e o nosso presidente (Thalis Braga), o nosso dueto. Estamos viabilizando alguns parceiros e recuperamos a condição de manter aquele elenco da temporada passada, recheando com alguns novos atletas, para que a gente possa, a partir do mês de setembro, começar um trabalho. Estão sendo realizadas atividades por meio da tecnologia, reuniões virtuais, trabalhos mentais e trabalhos físicos que estão sendo passados por vídeos para que nossa equipe já possa, quando voltar, ter condição física adequada para que a gente já entre no plano tático.

O POVO: A equipe concordou com o encerramento da temporada em maio, devido a pandemia?

Alberto Bial: Sim. A pandemia foi uma crise sanitária mundial e em todas as modalidades. Concordamos plenamente com a interrupção e a paralisação do NBB — e não somente NBB, como todas as atividades. A principal atividade são os Jogos Olímpicos de Tóquio, cancelados e mudados de data para 2021. A saúde mundial foi colocada como prioridade para que toda a humanidade viesse buscar uma solução para nossa saúde e todos em isolamento, em busca de higienização do uso da máscara e a expectativa pela vacina chegar. Esperamos que a gente possa, com esse aprendizado que o vírus nos trouxe, voltar a viver de uma forma mais inteligente, mas sã, mais pura, com mais justiça e igualdade social, que talvez seja, uma das maiores lições que está nos deixando esse pequeno invisível vírus.

O POVO: O Basquete Cearense está planejando alguma atividade de engajamento com o público? Qual seria?

Alberto Bial: O Basquete Cearense sempre está envolvido em atividades que planeja junto à sociedade cearense. Atividades sociais e atividades esportivas, mesmo durante esse período que a gente sofre tanto com essa crise sanitária. A nossa atividade que acho que foi a mais marcante até agora foi aquela no Presidente Vargas, o hospital de campanha que acabou de ser desativado. Nós fizemos a homenagem aos heróis fortalezenses e temos também a dos heróis cearenses, que são aqueles que lutaram pelas vidas os médicos, os diretores, os maqueiros, os enfermeiros e tantas pessoas que trouxeram e deram seus esforços. Tanto trabalho para que pessoas pudessem lutar pela vida contra esse tremendo mal que foi a Covid-19 e o Basquete Cearense homenageou essas pessoas com uma camisa simbólica linda, com o número 6 com motivos dessa guerra contra esse vírus e também com laterais da camisa com símbolos da bandeira do Ceará. Realmente foram situações e atividades que marcaram mais uma vez esse DNA da maneira de agir do Basquete Cearense. No nosso dia a dia buscamos de todas as formas representar o esporte do Ceará junto com a nossa marca de trabalhar sempre do social, passando pelo formativo, e em áreas que nos dizem respeito dentro do esporte, valores, até o alto rendimento.

O POVO: O planejamento para a próxima temporada já está em curso? Existe possibilidade de maior investimento, mesmo mesmo com a crise?

Alberto Bial: O planejamento sempre é o ponto primeiro. Antes da execução a gente tem que ter esse planejamento e a busca de investimento sempre. Porque tantos cabelos brancos assim, nesses poucos cabelos que ainda me restam, sempre foram na busca, foi por planejar, executar, captar e avaliar esses tantos anos de esporte num país onde a política esportiva não é tão priorizada. A gente, no Basquete Cearense, tem no DNA toda uma formatação e uma preocupação com o profissionalismo. Nós temos, talvez, um dos maiores gestores do esporte olímpico do Brasil (Thalis Braga), formado dentro do Basquete Cearense com os valores e os princípios que o esporte nos ensina. O nosso presidente e mais algumas pessoas que trabalham junto conosco nessa gestão e nessa busca ferrenha de novos investidores, de novos atletas, de equipamentos como o Centro de Formação Olímpica (CFO), que talvez seja o melhor equipamento esportivo do Brasil. Cada ano a gente busca cada vez mais levar o que o Ceará tem de bonito. O Ceará atende a marca de referência que é a cultura do basquetebol, reavivado a cada vez mais, logo agora quando estamos completando uma década de existência com nosso Basquete Cearense.

O POVO: O Basquete Cearense vinha em uma temporada complicada e já não tinha chances de classificação. Acompanhando de fora, sem ter sido o técnico, a que você atribuiria a queda, já que no ano passado o time chegou até as quartas de final?

Alberto Bial: A temporada passada, ela tem um valor muito grande, por isso mesmo acho que renovamos com a equipe. Toda equipe foi renovada e ela está tendo treinamentos semanais conosco. Além disso também fazemos um trabalho mental em busca de que eles possam ter uma consciência, né, essa fonte inspiradora que é a mente do atleta para que, quando o grupo se reunir novamente, a gente tenha todos nós essa força nesse grupo, que é realmente um grupo que talvez não tenha conseguido melhor resultado na última temporada, mas que vem como uma fera ferida para que nessa nova temporada.

O POVO: Recentemente foi anunciado uma possível proposta de fusão entre o Fortaleza e o Basquete Cearense. Como seria esse processo? E qual seria a mudança na equipe?

Alberto Bial: Em relação a isso coisas que são colocadas, são faladas, mas não têm profundidade. Pode ser até que um dia isso aconteça, mas o Basquete Cearense hoje não tem nenhum tipo de parceria. Se um dia vier acontecer seria uma coisa interessante e muito bonito para o esporte do Ceará, mas nesse momento não há nenhum nenhum tipo de parceria. 

Nas quadras

Além da trajetória como treinador, Alberto Bial foi ainda jogador entre 1966 e 1972 e comentarista de Basquete no Grupo Globo

 

O que você achou desse conteúdo?