Com a chegada do 5G e as potencialidades que ele vai proporcionar ao mercado, os empreendedores devem ficar atentos às oportunidades.
Neste contexto, o cofundador da Futurum Capital, Guga Stocco, Samuel Carvalho frisa que o médio e longo prazos devem ser prósperos para negócios inovadores.
Especialista na criação de negócios digitais e transformação empresarial, Guga tem, em seu portfólio, a atuação de produtos globais da Microsoft, como o MSN e o Bing, com mais de 20 anos de experiência no segmento de inovação, transformação e tecnologia.
Além de ser cofundador do Banco Original, está nos conselhos de marcas como Totvs, Cielo e B3.
Com a visão de quem passou pelo crescimento de muitas empresas, ele vê, portanto, que o 5G vai se encaixar sobretudo na realidade (pode ser virtual) e no desenvolvimento das startups.
OP - Uma tendência do mercado atual é que as empresas estão apostando na construção de conselhos consultivos que apostam em muita diversidade. Veio para ficar?
Guga Stocco - Isso veio para ficar, pois as empresas precisam de multidisciplinaridade já que o mundo está cada vez mais complexo e isso exige que se traga mais conhecimento para dentro da empresa. A melhor forma de trazer conhecimento para a alta liderança da empresa é o conselho consultivo. Então as empresas possuem o conselho de administração para aumentar o profissionalismo da empresa quando quer abrir capital. E o conselho consultivo traz para que a empresa tenha uma visão: A organização quer implementar uma tecnologia, mas não é uma empresa de tecnologia, então traz pessoas de tecnologia. Às vezes há um desafio no comércio eletrônico, traz um profissional que entenda muito de comércio eletrônico. Muitas vezes é difícil contratar essas pessoas, por isso o conselho consultivo permite trazer grandes profissionais que estão em outras empresas que te auxiliam a olhar essa visão, preparar os planos e orientar a empresa para isso.
OP - O que o 5G deve proporcionar de novidades ao mercado no que se refere às relações e lançamentos?
Guga - Muitas novas tecnologias legais dependem do 5G. Se pararmos para pensar, muitas coisas legais que você faz dentro de casa atrelada à banda larga, mas que não consegue fazer isso quando sai de casa. O 5G vai permitir estender essa banda larga para qualquer lugar. Isso é muito legal, pois estamos falando de você e seu computador, mas também das coisas começando a fazer. Quando eu possuo um dispositivo que tem acesso à alta velocidade muda tudo. Por exemplo, posso ter uma câmera que capta um carro passando na rua e em tempo real analisa e faz tendências sobre aquilo. Significa conseguir dados de marketing em tempo real, dados de segurança e posso analisar todos os dados. Cidade inteligente será realidade através do 5G, sem ele até seria possível ter câmeras nos carros, mas nunca daria para ter dados em tempo real. Aí começamos a derivas muitas coisas, como o metaverso, onde precisamos ter imagens e reações em tempo real para gerar uma boa experiência, principalmente quando falamos em realidade aumentada, onde tenho a programação ao meu redor. Por exemplo, caso eu queira jogar no parque com amigos e deseje que tudo interaja em tempo real, preciso do 5G.
OP - Isso tudo gera oportunidades de negócios inovadores...
Guga - Muito. É uma nova economia sendo desenvolvida no Brasil e no mundo. O 5G será a base para uma infinidade de coisas que podem ser construídas e que geram uma infinidade de possibilidades para as startups.
OP - O mercado de tecnologia passa por certa instabilidade após amplo crescimento, com empresas demitindo funcionários. É um momento de mercado ou um novo perfil?
Guga - Sem dúvidas, é um momento de mercado. Isso está acontecendo principalmente nos Estados Unidos e acontece porque as empresas de tecnologia são muito grandes e se movimentam conforme a economia americana. Quando a economia americana emitiu muito dinheiro durante a pandemia para manter a economia funcionando, é natural um momento de inflação em alta que gera uma correção de tudo isso. Aí, acontece uma correção de mercado muito grande e as empresas de tecnologia que por natureza possuem valuation baseado no futuro - que projeta o desenvolvimento de uma tecnologia que após uns 4 anos, 5 anos, vai promover uma grande solução, então todas as empresas que possuem um risco de mercado atrelado, em que a entrega está atrelada ao futuro, é natural que caia. Isso não ocorre somente com as empresas de tecnologia, mas com todas que possuem esse risco atrelado ao seu futuro. Quando há muita inflação, como há nos Estados Unidos, aumenta o risco dessas empresas que tem uma promessa. Obviamente, o que acontece é que algumas empresas não conseguem cumprir sua promessa, elas deixam de conseguir financiamento e podem acabar morrendo. Isso pode atrasar alguns setores de tecnologia que poderiam acontecer mais cedo. Um exemplo é o Facebook (Meta), que tinha 10 mil desenvolvedores trabalhando para lançar o metaverso deles e agora terão 6 mil desenvolvedores, atrasando os planos do Zuckerberg. Mas isso não significa que o mercado desaqueceu, muito pelo contrário. O mercado de tecnologia pós-Covid está cada vez mais aquecido e o mundo tradicional está abraçando a tecnologia também... Mas ainda vamos ter de esperar ainda um ou dois anos de correção do mercado da economia para que comecemos a entender onde é o fundo do poço para projetar futuro e entender em termos de ações como se posicionar no mercado.
OP - O senhor tem ampla experiência em investimentos bem-sucedidos na detecção de futuros unicórnios. Há uma receita para esse tipo de investimento no mercado brasileiro?
Guga - É importante entender para onde o mundo caminha. Então quando os investidores entendem que as pessoas estão ficando mais em casa, usando mais o comércio eletrônico, como o hábito das pessoas estão mudando, eles precisam olhar quais as startups estão indo em direção a esse mercado é o primeiro ponto. Uma vez identificada a tendência, é preciso entender o empreendedor, saber se aquela pessoa consegue executar, é muito importante, pois às vezes a ideia é muito boa, mas não há pessoal para executar. E o terceiro ponto é o financiamento porque há casos em que há uma ideia muito boa, pessoas capacitadas para executar, mas não conseguem captar o dinheiro necessário para isso. E estamos num mundo em que está mais difícil captar por causa da crise, então existem bons empreendedores com boas ideias que não conseguem captar. Quando se faz essa análise bem, é preciso identificar as empresas que vão conseguir chegar lá.
FUTURO
Guga Stocco esteve em Fortaleza para falar sobre "Futurização e Tecnologia" para empresários, em palestra no Lide Ceará.
INFORMAÇÃO
Guga Stocco enfatiza a potencialidade que os dados têm em se transformar em informação. Segundo ele, isso permite que os empreendedores gerem negócios com a ajuda de inteligência artificial.
PANDEMIA
Na avaliação de Guga Stocco, a pandemia promoveu uma aceleração da digitalização e será o marco de entrada no século XXI, assim como as Revoluções Industriais são marcos nos séculos XIX e XX.