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Polícia Militar do Ceará aposta em perfil de planejamento para nova gestão
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Polícia Militar do Ceará aposta em perfil de planejamento para nova gestão

O POVO entrevistou exclusivamente o coronel Klênio Savyo Nascimento de Sousa, novo comandante geral da PMCE, que apontou como prioridades a expansão do Copac, a aproximação com a tropa e o enfrentamento às facções criminosas
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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 07-03-2023: - Comandante geral da Polícia Militar do Ceará, Coronel Klênio Savyo Nascimento de Sousa em entrevista para O Povo no quartel do comando geral da PMCE. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo) (Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 07-03-2023: - Comandante geral da Polícia Militar do Ceará, Coronel Klênio Savyo Nascimento de Sousa em entrevista para O Povo no quartel do comando geral da PMCE. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo)

O atual comandante geral da Polícia Militar do Ceará (PMCE), coronel Klênio Savyo Nascimento de Sousa é uma aposta no perfil de planejamento dentro da corporação. Filho de um ex-sargento, o novo chefe ingressou na academia em 1992. Tem raízes em Sobral, por meio do pai, e também no Litoral Norte, já que a mãe é da antiga São Bento de Amontada — atual Amontada. 

A família de policiais não para nele. Ele é o segundo de cinco filhos e quatro deles entraram na Polícia Militar. A entrada dele à corporação foi 30 anos após o pai concluir o curso para virar sargento, 1962. Desde então, estudou na academia General Edgard Facó e saiu aspirante. Depois tenente. Atualmente coronel, completou 31 anos de serviços prestados. 

No dia 6 de março comandante geral completou 50 anos desde que nasceu já dentro da PMCE — o parto foi na maternidade da Polícia Militar. Costuma dizer que já nasceu no quartel. "Eu venho de família humilde, de um policial militar, de uma comerciante e (dona) do lar, mas que nos colocou como principal foco o estudo, a união, a fraternidade, os valores familiares, sem viver dentro de uma bolha, mas vivendo como um ser social social com seus valores e o principal deles é o respeito a todos independente de classe social, de cor e de raça".

Em entrevista ao O POVO no início de março, o oficial destacou como prioridade a expansão do Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) para Região Metropolitana de Fortaleza e Interior do Estado. Pontuou ainda a integração e o seguimento das diretrizes de segurança entre os governos Camilo Santana (PT) e Elmano de Freitas (PT) — a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) passou a ser comandada por Samuel Elânio, que era secretário-executivo de Sandro Caron, seu antecessor. Listou ainda a necessidade de aproximação com a tropa e os desafios do combate a facções criminosas e em prol da redução dos índices de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e Crimes Violentos Letais Intencionais (CVP).

O POVO- De que forma o senhor se identificou e se motivou para entrar na PM?

Comandante Klênio - Eu sou filho de um pai policial militar, oriundo do Interior do estado, que é natural de Sobral e veio para Fortaleza. Quando chegou a Fortaleza, após os estudos, ele fez o curso para ser sargento da Polícia Militar, em 1962. Minha mãe também é interiorana, de São Bento de Amontada, teve alguma situação do comércio e depois ficou mais do lar do que do comércio. Dessa união nasceram cinco filhos, eu sou o segundo. O primeiro era policial militar, depois de capitão, ele se aposentou e entrou para a Igreja Católica, depois de nove anos de estudos, tudo leva a crer que ele vá ser padre neste ano. Se ordenou diácono em dezembro. Todos os quatro entraram como oficiais na Polícia. Eu entrei no ano de 1992, fiz o curso de três anos em regime de internato na Academia General Edgard Facó e saí aspirante, depois tenente e hoje, com 31 anos de serviços prestados, sou coronel comandante geral da Polícia Militar. O terceiro (filho) é coronel da Polícia e o quarto é capitão no Piauí. A última é uma mulher, ela quis seguir a carreira administrativa e não entrou na Polícia Militar. Meu pai hoje é falecido e minha mãe está viva.

Fiz 50 anos ontem (início de março), como nasci na maternidade da Polícia Militar eu brinco que já nasci dentro do quartel e tenho um olhar muito forte para a vida policial militar. Não digo só a vida militar, pois somos policiais e temos como foco principal a proteção da nossa sociedade, sem esquecer do nosso maior ativo, os policiais militares. Nosso comando tem se pautado na união de toda a tropa nos nossos mais de 20 mil homens. A Polícia Militar atua de forma integrada, conjunta, uma Polícia só, integrada aos diversos órgãos que compõe com Segurança Pública. Somos mais um dos componentes que contribuem para a paz social, mas não somos o único. É muito atuante, é muito presente no seio da sociedade.

Venho de uma família humilde, de um policial militar e uma comerciante e do lar, mas que nos colocou como principal foco o estudo, a união, a fraternidade, os valores familiares, os valores que a família deve ter, valores da sociedade. Lógico, sem viver dentro de uma bolha e vivendo como um ser social e o principal a união, o respeito a todos, independente de classe social, de cor, raça, mas respeitar a todos. Foi o principal valor deixado pelo meu pai, que a gente tem que respeitar a todos.

O POVO - Qual a sua principal característica como comandante geral?

Klênio - Eu já vinha do comando do comandante Márcio (Oliveira, antecessor de Klênio), já era o subchefe do Estado Maior e diretor de planejamento de gestão interna, era a terceira pessoa da Polícia Militar. Antes eu era o coordenador da Ciops e o comandante Márcio me chamou para trabalhar aqui. Eu tive a oportunidade de participar de muitos projetos da segurança pública. Comecei a minha vida de policial militar em 1992 e comecei a trilhar na parte operacional dentro das unidades do Policiamento Ostensivo Geral e tive oportunidade de trabalhar em Sobral e na Capital. Especialmente em projetos de homicídios e CVP (Crimes Violentos contra o Patrimônio). A minha vida se pautou na parte operacional e depois se pautou no planejamento institucional. Depois, assumi uma coordenação de gestão de pessoas, pois a gente viu o outro lado, o maior ativo, que é o policial militar, o policial civil, o bombeiro militar.

Hoje, eu me considero um profissional, policial militar, que é muito adepto do planejamento, sem o qual eu acho que nenhum órgão, público ou privado, consegue se firmar. Nós temos que planejar, traçar nossas metas para alcançar nossos resultados. Tenho isso como foco. Por onde passei, eu trilhei dessa forma e na Polícia Militar não será diferente. Temos que saber para onde nós vamos.

Tenho uma frase que (diz,) temos que ter Fé, Foco e Força. Fé é saber que vai dar certo, o foco é saber onde quer chegar e a força é o trabalho. Nesses meus 31 anos de serviço, por onde passei procurei dar a minha contribuição, sempre acima dos 100%, os 110% — os 10% a mais é que faz a diferença. Eu passo muito isso para a nossa equipe. A gente não faz nada só, gosto de trabalhar em equipe, sempre unidos, apertando na mão e mostrando para o nosso policial que aqui ele é importante. 

O POVO - Como será o diálogo com a tropa?

Klênio - Essa minha experiência no cargo anterior na PMCE de gestão estratégica, o subchefe do estado maior, trabalha todas as áreas da Polícia Militar, desde recursos humanos, financeiro, logística e institucional. Isso fez a gente ter uma visão estratégica da Polícia Militar e do sistema. Essa minha passagem pela SSPDS, durante 15 ou mais anos, fez com que eu tivesse uma visão de sistema de segurança pública. Hoje a minha visão ampliou muito, de Governo, de estado e de sistema de segurança pública.

Conheço muito bem a Polícia Civil, conheço muito bem o Corpo de Bombeiros, Vi nascer a Supesp, a Aesp, a Perícia Forense. Na SSPDS tudo passa por nós e as áreas por onde passei tinha a oportunidade de passar as legislações, os planejamentos. Eu pude ver algumas situações que me deram um alicerce para que, no comando da Polícia Militar, adotasse algumas decisões, posicionamentos e maneira de pensar e agir diferentes. Uma delas é a aproximação da tropa.

Logicamente que o comandante geral tem uma função muito estratégica. Uma dessas situações que eu estou pontuando muito forte é essa aproximação da tropa, sentir os anseios da tropa. Tive a oportunidade de ir para algumas unidades, agora no Carnaval, (quando) pude trabalhar três dias e fui em mais de 40 cidades, olhando pra o policial, indo para onde ele trabalha e sentindo na pele e esse olhar para a tropa. A gente vai permanecer com ele (o olhar) para que o policial possa sentir que o comandante está próximo e antenado com situações que eles desejam. Nos teremos olhar especial para nosso homem e mulher policial militar e aquilo que a instituição puder fazer para melhorar.

O POVO - Qual a diferença entre Copac e o antigo projeto do Ronda do Quarteirão?

Klênio - O Copac é um batalhão que compõe a Polícia Militar que surgiu do comando do comandante Márcio, na gestão da ex-governadora Izolda (Cela) e secretário Sandro Caron. Tem uma diferença entre polícia comunitária e policiamento comunitário. A polícia comunitária tem uma ideia mais filosófica de uma atuação da Polícia próxima à comunidade e o policiamento comunitário é a execução. O Copac tem uma visão mais especializada, ele atua em várias vertentes, seja no policiamento nas escolas, um atendimento mais voltado para os estudantes, de proteção aos estudantes. Seja das vítimas de violência de uma forma em geral, para as mulheres, o Copac tem esse olhar de se aproximar e fazer um policiamento ostensivo onde a proteção dos grupos vulneráveis é o foco. A ideia é expandir. Vamos expandir (o Copac) para Região Metropolitana (de Fortaleza) e interior do Estado.

O POVO - Qual a maior desafio para essa gestão?

Klênio - O maior desafio do sistema de segurança pública é sempre a redução do CVLI (Crimes Violentos Letais Intencionais) e do CVP (Crimes Violentos Contra o Patrimônio). Reduzir, embora, com muita clareza que somos mais um dos componentes, a contribuir com a paz social. O desafio principal sempre será procurar essas reduções, mas por trás desses desafios existem outros. Se não tiver uma polícia bem preparada, bem estruturada, o policial sabendo que é um instrumento decisor para que isso ocorra e para isso tem que estar bem preparado, formado, capacitado, satisfeito com a profissão que abraçou, a gente não vai conseguir atingir esses dois objetivos maiores.

A tropa se sentir confiante para atuar, ela tem que ter uma estrutura por trás dela. Capacitação, valorização profissional, ambiente de trabalho, equipamentos de segurança, tudo isso é um composto, é um desafio para que a gente proporcione ao nosso policial militar a melhor forma de trabalhar. Nosso foco maior é servir. A Polícia Militar tem o lema, que é "Raça de fortes, povo de bravos", mas um dos nossos principais lemas é "Servir, servir e servir".

O POVO - Em relação a atuação de facções criminosas, o que a PMCE tem feito?

Klênio - Primeiramente, nós temos que seguir o que o nosso governador (Elmano de Freitas) e o nosso secretário da Segurança (Samuel Elânio), e nós temos passado (isso) para nossa tropa. Nós temos atuado firmemente no combate a esses criminosos, com ações de polícia ostensiva, ações de polícia judiciária e ações de inteligência. Podemos dizer que temos o controle total da atuação desses grupos. Estamos, cada vez mais, combatendo, com ação ostensiva, com a Polícia Judiciária, que é a Polícia Civil e com a Inteligência. É é importante que a gente atue sempre em parceria com Ministério Público e o Poder Judiciário. Estamos alinhados com os demais órgãos, com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), esse sistema funcionando adequadamente, não tem nenhum tipo de crime que possa nos abalar. O que quero dizer é que a sociedade confie nos órgãos de segurança pública, confie no sistema penitenciário. Esses grupos, por mais que tentem se organizar, o Estado atuará de forma presente para que a sociedade tenha seu direito de ir e vir assegurados em qualquer Região, seja na Capital ou em qualquer outro Estado. Não vamos deixar, por nenhum minuto, de combatê-los.

Quem é o comandante geral da PMCE

O comandante Klênio é filho do sargento da Polícia Militar Francisco Lourêto de Sousa, que nasceu no Interior do estado, natural de Sobral. Após viajar para Fortaleza, o pai de Klenyio fez o cursos e ingressou como para ser Sargento da PMCE em 1992. A mãe dele, e Maria Umbelina Nascimento de Sousa, é de São Bento de Amontada. Na capital cearense, eles se uniram e dessa união nasceu Klenyo Savyo, que é o segundo irmão dos cinco filhos. Os quatro homens entraram na corporação como oficiais. Klenyo entrou em 1992, fez o curso na academia General Edgard Facó e saiu aspirante, depois tenente e atualmente completou 31 anos de serviços prestados. A única mulher entre os irmãos optou por seguir a vida administrativa. O irmão mais velho, que entrou para a reserva, deve se tornar padre neste ano.

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