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Feliz e decisivo no Fortaleza, Yago Pikachu sonha com título da Copa Sul-Americana
Aguanambi-282

Feliz e decisivo no Fortaleza, Yago Pikachu sonha com título da Copa Sul-Americana

Meia-atacante do Tricolor projeta final do torneio continental contra a LDU-EQU, no próximo sábado, 28, conta com apoio da torcida e recorda trajetória no clube
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 06-10-2023: Yago Picachu, entrevista para Aguanambi 282, no CT do Pici. (Foto: Aurelio Alves/O Povo) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA-CE, BRASIL, 06-10-2023: Yago Picachu, entrevista para Aguanambi 282, no CT do Pici. (Foto: Aurelio Alves/O Povo)

Entre duas passagens pelo Pici, o paraense Glaybson Yago Souza Lisboa soma mais de 150 jogos pelo Fortaleza e coleciona número positivos, entre gols, assistências para os companheiros e conquistas. Conhecido pela alcunha de Pikachu, o jogador de 31 anos vive a expectativa de disputar a primeira final internacional da carreira, diante da LDU, do Equador, no próximo sábado, 28, na grande decisão da Copa Sul-Americana.

O camisa 22 balançou as redes três vezes no torneio continental, mas o principal momento foi o gol que abriu caminho para a vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, em um Castelão lotado, no segundo jogo da semifinal. A festa no campo seguiu para o vestiário e logo deu lugar ao foco entre o Campeonato Brasileiro e a inédita final.

Yago Pikachu quer coroar a campanha histórica com a taça no Estádio Domingo Burgeño, em Maldonado, no Uruguai. Os torcedores tricolores já se mobilizam para rumar ao país vizinho e compraram mais de 5 mil ingressos, fator que, de acordo com o meia-atacante, poderá ser um trunfo para o Leão contra o tradicional time equatoriano.

O POVO - Queria que você relembrasse esta campanha na Copa Sul-Americana até a final...

Yago Pikachu - A nossa trajetória começou na Libertadores. Nosso principal objetivo, naquele começo do ano, além do pentacampeonato, era a classificação para fase de grupos. Conseguimos passar na primeira fase, mas, infelizmente, ficamos pelo meio do caminho, contra o Cerro Porteño-PAR, e isso nos deu a condição de jogar a Sul-Americana, de entrar na fase de grupos, onde, teoricamente, a gente sempre falava que era mais sensível de ir mais longe do que a própria Libertadores, pelo nível das competições.

A gente colocou um objetivo de classificar em primeiro, depois que saíram os grupos, sabia que o nosso confronto direto seria com San Lorenzo-ARG, que tem muita tradição nessas competições. A gente conseguiu, no primeiro confronto, lá (na Argentina), ter uma vantagem sobre eles, de conseguir esse primeiro lugar tão sonhado, porque já nos garantiria nas oitavas. (...) Nosso objetivo sempre foi o primeiro lugar justamente para decidir em casa. Depois, no mata-mata, a gente conseguiu, tanto contra o Libertad-PAR e contra o próprio América-MG, já ter uma vantagem no primeiro jogo para decidir em casa.

Essa trajetória foi toda feita desse jeito, de ter o apoio do nosso torcedor nesse segundo jogo, que é sempre o mais importante, onde decide tudo. E a gente conseguiu essa tão sonhada vaga (na final), um jogo tão especial para todos nós.

OP - Vocês já sonhavam com a final da Sul-Americana ou viram se tornar mais palpável à medida que avançavam?

Pikachu - Olha, a gente viu que o chaveamento... Tinha o Libertad primeiro, que seria um conforto muito difícil, porque eles (Libertad) vieram da Libertadores, do grupo do Atlético-MG e Athletico-PR, então a gente sabia que era muito difícil, muito complicado. E depois tinha um confronto entre brasileiros, que era América x Red Bull, e logo antes de ter a definição, depois a gente passou do Libertad, teve o confronto com o Red Bull aqui e a gente perdeu, pelo Brasileiro, de 3 a 0.

Um jogo foi muito abaixo de todos nós, e a gente ficou com aquela expectativa de enfrentar novamente o Red Bull, que, teoricamente, seria favorito naquele confronto. Veio o América, mal no Brasileiro, mas era competição totalmente diferente. Lógico que o primeiro jogo nos deu uma tranquilidade maior para avançar e depois pegar o Corinthians.

O Corinthians pegou o Estudiantes-ARG, outro adversário também de tradição, que a gente enfrentou no ano passado, na Libertadores. A gente fez nossa parte e estava apenas esperando o adversário, porque chegou na frente. Depois que veio o Corinthians, mais um confronto brasileiro, a gente sabia que tinha condições reais de chegar na final.

OP - A torcida também teve peso importante? O que vocês comentam entre si sobre as festas?

Pikachu - A gente sempre já espera alguma coisa do nosso torcedor quando se trata de jogos importantes, jogos grandes, principalmente dentro de casa. Antes do jogo da ida, contra o Corinthians, teve a recepção aqui no Pici, depois lá no aeroporto, que foi uma loucura, os torcedores nos apoiando no embarque. Então ali a gente já viu que no segundo jogo seria uma uma grande festa.

Lógico que a gente, no que pode ajudar, ajuda, muitos jogadores às vezes doam camisa para tentar ajudar de alguma forma os torcedores a fazerem os mosaicos, as festas. Depois a gente só foca no jogo. Quando chega a dois, três dias, a gente não pensa em mais nada, nosso treinador passa tudo que tem que passar sobre o adversário para a gente estar realmente apenas focado no jogo, que é o nosso principal objetivo.

Lógico, depois da conquista da vaga para a final, a euforia foi muito grande no vestiário, comemoração, mas logo depois, no vestiário também, já frisou que não poderia deixar o Brasileiro de lado, porque é uma competição muito importante para o clube e a gente quer se manter na parte de cima da tabela, entrar nesse G-6. Tem que somar o máximo de pontos possíveis para continuar se mantendo na parte de cima.

OP - O gol contra o Corinthians, na semifinal, foi o mais especial pelo Fortaleza?

Pikachu - Ah, foi um dos mais especiais, com certeza. Pelo momento que era, semifinal de uma competição internacional, uma competição importante... Então considero esse gol um dos mais importantes, sim, mas eu já disse também anteriormente que coloco o meu primeiro gol aqui, pela Copa do Brasil, contra o Ypiranga. Meu primeiro gol, um gol de falta, que eu vinha buscando há muitos anos no meu antigo clube, e o primeiro gol aqui, coincidentemente, saiu de falta. Para mim também foi muito especial, mas tem outros gols especiais também: da final da Copa do Nordeste... Então eu coloco aí no top-3 esse contra o Corinthians, pela importância e pela conquista da vaga.

OP - E você gosta de fazer gols decisivos, né?

Pikachu - (risos) É importante. Até os meninos brincam. Quando é jogo grande assim, Deus sempre tem me abençoado de estar na hora certa, no momento certo. Espero que toda essa ajuda divina possa permanecer no restante da temporada.

OP - Vocês já pensam, em caso de conquista, em ter a imagem de vocês no muro do Pici?

Pikachu - Já, a gente até brinca aí com o presidente (Marcelo Paz), que sempre acompanha nossos treinos. A gente fica falando para ele que tem que arrumar algum espaço ali para colocar nossa foto, porque é o que a gente procura, sempre entrar na história do clube. Nada de fama, nada de dinheiro vai pagar o que a gente pode fazer. Daqui a 10, 20, 30 anos, nós, jogadores, viremos visitar o Pici e ver a nossa foto com uma conquista. Isso é muito especial e é isso que a gente vai buscar.

OP - A expectativa é de um bom número de torcedores no Uruguai...

Pikachu - Tenho certeza que vai ter bastante torcedor. Já foram para Juiz de Fora, Argentina, Chile. Nos momentos mais difíceis, de Série C, nunca abandonaram o clube, então não vai ser agora, no melhor momento da história. A gente sabe da dificuldade que vai ser para o nosso torcedor chegar lá, em termos logísticos e financeiros. É bem distante, mas sabemos que todo esforço será feito. Quando nós jogadores vermos os torcedores na arquibancada, teremos que dar valor a isso porque não vai ser fácil eles chegarem lá. (Queremos) retribuir com o título, que seria importante para todo mundo.

OP - Quando entrar em campo para a final, vai passar um filme na cabeça de toda essa trajetória?

Pikachu - Olha, o que vai passar (na cabeça), eu acho que já está passando na cabeça de todo mundo depois da classificação. Porque a gente vai para um jogo, pelo menos na minha opinião, o mais importante da minha carreira toda, né? (...) Alguns jogadores do nosso elenco já tiveram oportunidade de jogar uma final de competição tão importante. Seja qual for, final é sempre especial, né?

Então, a gente tem que se preparar da melhor maneira possível para que o emocional não possa atrapalhar o nosso rendimento dentro de campo e focar apenas no que tem que ser feito. Tem que ser uma preparação muito boa durante toda a semana para esse jogo. Dentro de campo, depois que o juiz apitar, a gente vai sempre buscar o nosso melhor para colocar o Fortaleza no lugar mais alto que possa existir. A gente pode conseguir essa conquista de Sul-Americana.

O clube já vem com uma crescente muito grande, hoje já pode se considerar que é o maior clube do Nordeste, em termos de projeção e tudo que vem fazendo nesses cinco, seis anos de gestão do Marcelo (Paz), principalmente, e esse é o nosso objetivo, que o clube possa crescer cada vez mais e nós, jogadores, queremos crescer junto com o clube para ser sempre lembrado. Quando perguntarem: "Qual foi o elenco, quem era o treinador?", e a gente vai ser lembrado. É isso que a gente espera conquistar nessa decisão.

OP - Você chegou ao Fortaleza em 2021, teve uma breve passagem pelo Japão, e depois voltou para outras boas campanhas. Como definir a trajetória no clube?

Pikachu - Também tive boas passagens por Vasco e Paysandu, mas aqui está sendo muito especial, porque a gente está crescendo com o clube. A gente vê o crescimento, o carinho do torcedor nos apoiando. Isso que se torna mais especial que a minha passagem nos dois últimos clubes.

No Japão foi uma breve passagem, de cinco meses, foram apenas 12 jogos lá, não deu para desfrutar da maneira que eu queria, mas aqui está sendo muito especial. Eu fui muito bem acolhido aqui desde a minha chegada, em 2021. Lembro que a gente jogava sem torcida, por conta da pandemia, fez aquela campanha sensacional e, depois, com a volta do nosso torcedor, que continuou abraçando a gente, teve a conquista da vaga para Libertadores.

Na primeira passagem do clube na competição, a gente já conseguiu avançar de fase. Eu sempre falo que a gente não conseguia desfrutar muito bem daquele momento de Libertadores por conta do nosso momento também no Brasileiro. E a gente classificava e fazia uma festa, mas, no jogo seguinte, não conquistava a vitória pelo Brasileiro e aquilo dava um baque muito grande na gente. Mas, graças a Deus, o clube conseguiu, com as contratações do meio do ano, sair da lanterna para a vaga da pré-Libertadores. Tudo que o clube está fazendo nesses últimos anos está sendo coroado com essa chegada na final.

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